A Paixão Segundo G.H de Clarice Lispector será adaptada para o cinema
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A Paixão Segundo G.H de Clarice Lispector será adaptada para o cinema

O diretor Luiz Fernando de Carvalho irá conduzir uma adaptação para o cinema do livro A paixão segundo G.H., obra de Clarice Lispector. A relação entre o diretor e a obra de Clarice não é inédita. Ele já havia trabalhado com Correio Feminino, livro que compila a coluna jornalística da escritora, numa série produzida para o programa Fantástico.

O filme será um belo desafio de adaptação porque na narrativa não há movimentação da personagem no tempo/espaço físico. Toda a trama é passada na cabeça de G.H. por meio dos fluxos de consciência, numa espécie de labirinto retorcido da mente. E caberá à atriz Maria Fernanda Cândido o papel de interpretar o desfile da consciência inquieta de G.H.

 

Lançada em 1964, A Paixão Segundo G.H. nos apresenta uma mulher cujo nome só conhecemos as iniciais. Solitária e dentro do quarto da empregada da casa, acompanhamos a personagem num monólogo confessional, quase uma penitência por ter sido quem era até o fatídico momento de um acontecimento (sem spoiler) que gera o clímax da narrativa e a partir dele uma série de epifanias.

“Eu fizera o ato proibido de tocar no que é imundo

Frases como essa vão criando um clima de suspense no leitor que busca descobrir o que viveu essa mulher e os efeitos da metamorfose pela qual ela disse ter passado e agora precisa nos contar. A narradora protagonista não polpa advertências dizendo que o relato será dificultoso, porque é difícil expressar em palavras a própria existência.

Olga de Sá, uma das críticas literárias mais respeitadas quando o assunto é Clarice Lispector, chega a mencionar que o livro é uma antinarrativa. Por isso eu estou bastante ansioso para ver como o diretor colocará em imagens aquilo que eu li em palavras/símbolos que saíram de uma crise existencial num debate íntimo e interno sobre a natureza do ser.

 “Vou criar o que me aconteceu. Só porque viver não é relatável. Viver não é vivivel. Terei que criar sobre a vida. E sem mentir. Criar sim, mentir não. Criar não é imaginação, é correr o grande risco de se ter a realidade. Entender é uma criação, meu único modo.”

Para os leitores de Clarice Lispector, após ver a encarnação em filme da doce e ingênua Macabéa do livro A hora da Estrela, chegou a hora de ouvir, ver e sentir a personagem mais complexa de Clarice Lispector.

Aliás, a própria Clarice já é uma personagem cheia dos mistérios e loucuras. Você pode clicar aqui para ler curiosidades sobre ela e outros autores da nossa Literatura.

E se você se interessa por adaptações da Literatura para o Cinema, clique aqui para ler as 3 formas de fazer isso.

Até a próxima!

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