Assassinato no Expresso do Oriente (2017) - Crítica
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Assassinato no Expresso do Oriente (2017) – Crítica

Assassinato no Expresso do Oriente (2017) rende uma adaptação muito digna aos fãs da Agatha Christie.

Vale conferir a crítica do Thiago de Mello sobre o filme de 1974, comparações valem apenas a título de curiosidade. As análises funcionam de forma independente 😀

Direção: Kenneth Branagh (Frankenstein de Mary Shelley, Thor)
Roteiro: Michael Green (Blade Runner, Logan)
Elenco: Kenneth Branagh, Penélope Cruz, Willem Dafoe, Daisy Ridley, Michelle Pfeiffer, Judi Dench, Johnny Depp
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2017 (30 de novembro de 2017 no Brasil).

Assassinato-no-Expresso-do-Oriente

Agatha Christie possui quase uma centena de livros e é uma das escritoras mais renomadas de todos os tempos. Tendo como fama principal a linha de mistério. Dentre os diversos personagens, Hercule Poirot, “o maior detetive do mundo”, destaca-se. Um dos livros de maior sucesso, onde ele aparece, é justamente Assassinato no Expresso do Oriente.

A trama se passa quase toda dentro do famoso Expresso do Oriente. Quando a neve parecia ser o único desafio, eis que um dos passageiros é assassinado e sobra para Poirot (Kenneth Branagh) investigar o que aconteceu. A partir de diversas pistas e depoimentos dos personagens daquele trem, ele tentará desvendar o mistério.

Vale o comentário que este filme funciona para os dois públicos. Se você não conhece a história terá o prazer de ir junto com a trama até a resolução (depois nos diga se você “matou” a charada). E quem já leu o livro da Agatha ou viu o filme de 74, de Sidney Lumet, não vai ter a surpresa, contudo poderá se engajar com outros elementos e até mesmo com o caminho para se chegar lá. Eu já tinha lido e pessoalmente não afetou tanto negativamente a minha experiência, pelo contrário, o saldo foi positivo.

Se o filme de décadas atrás já apresentou um elenco de peso com nomes como: Sean Connery, Ingrid Bergman, Albert Finney, o remake de 2017 não deixa a desejar neste quesito. Sem dúvidas que um dos diferenciais aqui entra na conta da ficha técnica ter:  Kenneth Branagh, Penélope Cruz, Willem Dafoe, Daisy Ridley, Michelle Pfeiffer, Judi Dench, Johnny Depp, entre outros (será que o assassino é algum destes ou não coloquei aqui de propósito? Fica o mistério…).

Como boa parte da história são diálogos o elenco pomposo era fundamental. Para disfarçar certas máscaras, reforçar tipos e passar uma verdade de mentirinha. As atuações estão corretas, de modo algum comprometem, mas fica difícil não lembrar dos atores (o recomendável seria o personagem brilhar mais, mas infelizmente no geral isso não ocorreu). Pfeiffer, contudo, depois de brilhar em mãe!, merece outro elogio. Ela e Kenneth Branagh são os dois pilares na construção dos personagens. Ela por entregar alguns picos exagerados (bem-vindos) e ele pelo tempo em tela e desenvolvimento.

Logo no começo vemos um show off de Branagh, como diretor e como ator. O prólogo serve para vermos como ele de fato é inteligente e para já marcar o filme com um charme divertido que não se leva a sério. Esse ponto é importante: há um grande tom de caricatura em alguns movimentos e falas. Proposta válida, mas que “exige” do público tal olhar.

E também ouvidos atentos. A trilha embala acordes quase cartunescos e bem exagerados. Novamente: essa opção é condizente com o que o filme que trazer. Minha recomendação: pegue o ticket da felicidade e embarque nessa aventura. Pois até parte mais dramáticas tem um tempero satírico, quase teatral.

Expresso

Algumas falhas, porém, podem ser apontadas. Por mais que a direção se esforce para trazer movimentos sagazes, como alguns planos sequências, a montagem deixa a história um pouco mais arrastada que deveria e com alguma redundância. O segundo ato tem uma barriga (inevitável? Sinceramente não sei…).

Outro ponto, que já vem do material original, é a necessidade da suspensão de descrença sobre os passageiros e tripulação dos outros vagões. Eles simplesmente não aparecem. Ora, se há um assassinato em um Expresso dessa magnitude, espera-se algum reflexo nos demais ambientes. E certos caminhos lógicos beiram a ilógica (será que vale pela galhofa? Seria o mesmo que reclamar que o super homem voa?).

De acerto, aí de um acerto inesperado e bem inteligente, vale uma referência bíblica – que não vou citar qual passagem para não dar spoiler. Mas que torna o momento da revelação uma catarse ainda maior. Mesmo quem conheça a história pode ficar empolgado ali. Há a exploração de uma história paralela, que justifica o assassinato, que também é muito bem feita. O uso daquela trama e até na fotografia justificam aquelas cenas.

O design de produção tem altos e baixos. Mesmo a câmera me conduzindo pelo espaço de forma eficaz, eu senti uma artificialidade constante naqueles objetos e esperava mais daquela transposição para a época. Nesse sentido, e só nesse, o péssimo Expresso do Amanhã se sai muito melhor…

Algumas mudanças podem fazer os fãs antigos torcerem o nariz. Mas vale sempre o pensamento que aqui se trata de uma adaptação. Eu defendo que até o tom pode ser alterado – coisa que não ocorre aqui, onde só alguns detalhes sobre os personagens são trocados e alguns arcos acrescidos. Para saber mais sobre os tipos de adaptação recomendo clicar aqui, onde explicamos os 3 modelos básicos.

A velha pergunta: precisava de um Assassinato no Expresso do Oriente em 2017? é respondível com um sim e não. Sim, pois os produtores, diretor e roteiristas assim o quiseram e também por dar um pontapé para outros longas do personagem como é possível apreender do filme. E não, pois em sentido estrito, nenhum filme é “necessário”.

O que importa mesmo é analisar o produto fechado nele mesmo. Assassinato no Expresso do Oriente (2017) não sai dos trilhos e entrega uma divertida trama policial.

  • Nota Geral
3.5

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