Crítica: A Múmia (The Mummy, 2017) - Monstros da Universal
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Crítica: A Múmia (The Mummy, 2017) – Monstros da Universal

A Múmia não tem carisma e alma, não assusta ou diverte, a versão de 1999 é bem mais memorável….

Ficha técnica: 
Direção: Alex Kurtzman
Roteiro: David Koepp, Christopher McQuarrie, Dylan Kussman
Elenco: Tom Cruise, Jake Johnson, Sofia Boutella, Annabelle Wallis, Russell Crowe
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2017 (08 de junho de 2017 no Brasil)

Sinopse: Na Mesopotâmia, séculos atrás, Ahmanet (Sofia Boutella) tem seus planos interrompidos justamente quando está prestes a invocar Set, o deus da morte, de forma que juntos possam governar o mundo. Mumificada, ela é aprisionada dentro de uma tumba. Nos dias atuais, o local é descoberto por acidente por Nick Morton (Tom Cruise) e Chris Vail (Jake Johnson), saqueadores de artefatos antigos que estavam na região em busca de raridades. Ao lado da pesquisadora Jenny Halsey (Annabelle Wallis), eles investigam a tumba recém-descoberta e, acidentalmente, despertam Ahmanet. Ela logo elege Nick como seu escolhido e, a partir de então, busca a adaga de Set para que possa invocá-lo no corpo do saqueador.

Quem me conhece se assusta quando eu digo qual o meu filme favorito (atente-se para o favorito e não melhor…). Respondo sem pestanejar: A Múmia, a versão de 1999, com Brendan Fraser, Rachel Weisz e companhia. Vi dezenas (sim dezenas)…. Normalmente não gosto de comparar filmes. Penso que as obras tem que ser vistas como algo único. Contudo, até pela igualdade temática, a comparação aqui será inevitável… Outro ponto é que A Universal quer resgatar o “universo” de monstros (Dark Universe). A Múmia foi o pontapé inicial, que contará ainda com A Noiva de Frankenstein, Homem Invisível e outros, então temos que pensá-lo como tal…

A história aqui é um tanto básica e clichê (problema algum a priori). Ahmanet é a nova Múmia. Interpretada por Sofia Boutella. O longa, portanto, inova ao colocar uma figura feminina no papel principal. Após uma decepção familiar, a jovem resolve se aliar a Set, o Deus da Morte, e assim se vingar da família e do resto da humanidade… Sim, aquele plano padrão de vilões…. Contudo, ela é impedida e trancafiada ainda viva em um sarcófago.

Alguns minutos (ou séculos…) depois nossos aventureiros/mercenários Nick Morton (Tom Cruise) e  Chris Vail (Jake Johnson), junto com a arqueóloga Jenny Halsey (Annabelle Wallis) encontram a tumba/prisão de Ahmanet. Lógico que isso dá ruim – afinal precisamos de um filme… Ela desperta e quer reiniciar a conquista mundial.  A partir daí é aquela aventura… um cetro mágico, uma esmeralda poderosa, invocações, muita correria e a busca para o “bem vencer o mal”. O Macguffin aqui é o mote da história (para saber mais o que é Macguffin, recomendo o texto da Iole Melo)

O longa tem méritos de produção. Alguns cenários são bem explorados e é bem filmado como um todo (apesar de sem vida uma parte considerável, e o sem vida não é uma metáfora com a situação). Destaque para a cena do avião: tensa, provoca dilemas nos personagens e tem uma ação movimentada, vale ressaltar o 3D ali, só ali, por sinal… Com mais situações como aquela, o filme ganharia viço e seria bem mais proveitoso. O começo da trama – no tempo presente – resvala em algo assim, no momento que nossos heróis estão encurralados. O primeiro ato, aliás, é o melhor do filme. Basicamente até a personagem título aparecer de fato o filme vai ok. O segundo ato é sonolento e o terceiro, preguiçoso – este último, disparado, o pior.

Aí é que entra a fatídica comparação: A Múmia de 1999 exala personagens com carisma. Temos o herói marrento, a bibliotecária destemida, o cunhado alívio cômico, um vilão intimidador, além de uma dezena de coadjuvantes que são funcionais o suficiente para nos importamos com eles. Quantas cenas, ícones ou momentos não são facilmente recordáveis? Aqui, com muito boa vontade você aproveita o carisma do Tio Cruise (sinceramente, ele toma um banho de Fraser, na comparação dos protagonistas). A motivação, história de amor e até a transformação da Múmia é melhor naquele.

Outro fator muito importante: o tom nunca é preciso. O terror não assusta, a comédia rende risadas mínimas, a aventura não empolga, o romance está lá porque sim… a ação é o lado melhor acabado, ainda assim nada além de medíocre. Somos pouco impactados e saímos confuso, não pela dificuldade da trama, mas pela pluralidade de sentimentos nulos. Sobre a “dificuldade” da trama, parece que os responsáveis pelo filme acreditam que o público é um monte de Dorys  que esquece a cada 5 minutos do que está se passando. Há um excesso de exposição que torna alguns diálogos enfadonhos e desnecessários. Além disso, o senso de urgência – por conta de uma decisão de roteiro – é fortemente diminuído.

Se o tom está errado, o Tom (no caso Cruise) também não vai bem. A fisicalidade dele está lá, porém vai sempre no piloto automático. Não é o pior filme da carreira do astro, mas está entre os piores. Jenny Halsey alterna momentos de mocinha indefesa com sabichona – em ambos entrega pouco. Jake Johnson tem um personagem irritante e mal explorado (ele tenta ser uma mistura de Beni com Jonathan, de 1999, só que sem 10% do carisma). Sofia Boutella é beneficiada pelo bom design de produção e pela movimentação em alguns momentos, contudo também não marcante.

Como Universo Cinematográfico, vemos ampliações ou personagens que ainda terão algo a mostrar. Essas pontas soltas enfraquecem este filme e pode frustrar quem não souber dessa questão. O personagem do Russell Crowe,  Dr. Henry Jekyll (do O Médico e o Monstro), tem uma clara importância no todo, mas fica uma referência jogada e inexplicável aos que não tem a bagagem do livro. O Universo da Marvel começou muito melhor com Homem de Ferro. Este A Múmia está mais para o que foi o Hulk… Vamos torcer para um melhor sucesso nos próximos….

  • Nota Geral
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Resumo

A Múmia não tem carisma e alma, não assusta ou diverte, a versão de 1999 é bem mais memorável….

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