A Chegada (Arrival, 2016) - Cinem(ação) | Trailer, lançamento, resenha
5 Claquetes

A Chegada (Arrival, 2016)

A Chegada é o melhor filme deste ano… do ano passado….e do ano que vem.

Ficha técnica:
Direção: Denis Villeneuve
Roteiro: Eric Heisserer
Elenco: Amy Adams, Jeremy Renner,  Forest Whitaker
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2016 (24 de novembro de 2016 no Brasil)

Sinopse: 12 naves aterrissam na Terra. A tradutora Louise Banks e o físico matemático Ian Donnelly (Renner) são recrutados para tentar estabelecer conexões com os visitantes. A surpreendente interação desencadeia descobertas espetaculares.

A Chegada

A sinopse pode parecer genérica e ela definitivamente não faz jus à grandiosidade de A Chegada. Quando soube deste filme, pensei que ele fosse mais um a cumprir a “cota” de filmes espaciais no Oscar. Ledo engano. Ele vai além, mas muito além. Nos primeiros instantes vemos algumas palavras que vão permear toda a obra: história, tempo e memória, sendo sobre esse o subtexto (sub?) do filme. Outro tema capital são as conexões e como elas são delineadas. A Chegada tem um título muito preciso e plurissignificativo. Escolha simples, porém mais um dos muitos acertos. Quando eu não sabia do que se tratava, brinquei com um amigo que o filme poderia se tratar de uma corrida de fórmula 1… e até que eu não estava tão errado….

Contudo podemos relacionar A Chegada com os antecessores oscarizados em certa medida. Ele tem a questão temporal familiar de Interestelar, a confluência uno-pluri-plena para solucionar um problema como em Perdido em Marte e a autoconsciência e renascimento metafórico de A Gravidade. Porém realiza todos esses elementos de forma (muito) mais eficaz. E o mérito não é só narrativo/temático. Há uma inventividade visual rara. A constituição das naves e dos alienígenas é ao mesmo tempo simples e criativa – toda a premissa do filme o é. Passa um realismo fantasioso que convence. E mesmo nos cenários mais terrenos, como o labiríntico acampamento na base de Montana ou nos trajes dos militares/cientistas que entram na nave, o resultado é muito bom.

Se o tempo é algo inerente à temática, ele também é bem usado para dosar o ritmo. Se por um lado não há perda de tempo para começar a ação, por outro há o tempo necessário para trabalhar cada aspecto. Há uma passagem de alguns dias bem inserida dentro da realidade campal. E todas as movimentações temporais fazem sentido narrativo – mais do que aparenta. Alguns momentos vagarosos estão presentes, como que para nos deleitarmos, em outros calmamente frenéticos. As revelações do terceiro arco explicam, ressignificam e reestruturam todo o resto do longa. Mas não é um desfecho tirado de lugar nenhum. Tudo estava ali.

A linguagem é outra peça fundamental aqui (só aqui?). Uma aula, em um momento literal e curiosamente citando o português, de como a expressão linguística é importante, basilar e nos torna seres mais completos. O encontro com o outro se dando e fazendo sentido através dela. Um filme que tem tanto a dizer usa esse elemento metalinguístico a todo momento. A questão política, tecnológica e militar também estão presentes – mas o trailer faz parecer que são maiores do que realmente são. Elas se tornam secundárias tendo em vista o escopo linguístico-familiar.

A Chegada

 

Amy Adams se coloca com uma das grandes atuações do ano – ao lado de Sônia Braga (Aquarius), Emily Blunt (A Garota no Trem) e Meryl Streep (Florence). Desde o começo com uma carga dramática pesadíssima e passando por todas as situações com uma calma e confiança incríveis. Ela transmite uma inteligência aberta e nada arrogante, uma empatia e verdade que convencem e fazem o público se importar com a personagem. A partir do olhar dela, percebemos o senso de urgência e determinação nas ações. Adams já vem cotadíssima para o Oscar. E também dá para cravar A Chegada como provável candidato a melhor filme, direção, design de produção, efeitos, roteiro e montagem. Sim, tudo isso….

Denis Villeneuve já era um dos meus diretores recentes favoritos. A alegoria de Homem Duplicado, o suspense/drama de Os Suspeitos e a ação crua e cinematograficamente bela de Sicario, o qualificavam a esse posto. Hoje, depois de A Chegada, eu o coloco no patamar dos maiores de todos os tempos. Um quase Kubrick dos tempos modernos. Ainda não vi todos os favoritos ao Oscar de 2017, mas caso apareça um longa melhor que A Chegada, então teremos um das mais sensacionais disputas que eu já presenciei. Vi mais de 200 filmes no cinema em 2016. A Chegada supera todos eles…

https://www.youtube.com/watch?v=rNciXGzYZms%20

  • Nota Geral
5

Resumo

A Chegada é o melhor filme deste ano… Do ano passado….e do ano que vem.

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