[crítica] Eu Cinéfilo #28: O Senhor das Armas (2005)
O Senhor das Armas - filme com Nicolas Cage e Jared Leto
Eu Cinéfilo

Eu Cinéfilo #28: O Senhor das Armas (2005)

Texto da coluna Eu Cinéfilo sobre “O Senhor das Armas”:

 

Yuri Orlov (Nicolas Cage, em um bom momento) é um comerciante de armas de fogo que se tornou o melhor no que faz. Vendendo armas para presidentes ditadores de países pobres, Yuri aos poucos vai nos revelando o lado sujo de seu ‘empreendimento’.

É curioso notar que, justamente os Estados Unidos, um dos maiores comerciantes de armas de fogo do mundo, tenha sido o país a fazer um dos filmes mais implacáveis sobre o comércio de armas. E não se trata de algo leve ou vago. O Senhor das Armas mexe muito forte na ferida da indústria bélica, mostrando o comportamento nada invejável de um comerciante que não poupa mentiras e nenhum artifício desprezível para se dar bem em um negócio bilionário que causa a morte de milhões de pessoas por ano no mundo inteiro. Com uma mistura de seriedade e um leve tom de humor negro, é o próprio Yuri (vestido de terno o tempo inteiro, com a impressão de ser um mercador da morte) quem narra suas viagens aos mais remotos lugares do mundo, em busca de fornecedores e compradores de armas.

O Senhor das Armas - filme com Nicolas Cage e Jared Leto

Fechando os olhos para o mal que ajuda a espalhar, sem se importar com o que seu produto pode causar em pessoas exploradas por governos criminosos, Yuri parece gostar do que faz, mas vê em seu irmão drogado (Jared Leto) um reflexo da conscientização, alguém que enxerga o caos e o terror que aquelas armas causam quando espalhadas e colocadas em mãos de assassinos. No encalço de Yuri, está um agente da Interpol (Ethan Hawke), que não sossega até colocá-lo atrás das grades. Nesse mundo de negociações sangrentas, vemos um retrato globalizado de um mundo caótico, dominado por governantes sádicos, facções ocultas e homens compulsivos em busca do poder.
Yuri é o homem que move as peças do jogo, mas ele mesmo reconhece que não pode pará-lo, por que se trata não de um jogo de peões, mas de reis, com o dedo no gatilho, ou até mesmo no botão de uma bomba nuclear pronta a explodir a qualquer momento. Apelidado por um déspota (feito de forma bastante sinistra por Eamonn Walker) como “O Senhor das Armas”, Yuri não negocia apenas com armas, mas também com a mentira, no que se refere a mostrar para sua esposa que ele é um homem de negócios legais. Assim, a mentira torna-se também uma arma em suas mãos.

O final não poderia ser menos chocante, com Yuri detido pelo agente, dizendo a este quem é de fato o verdadeiro ‘senhor das armas’. É curioso ver que tal filme, com uma mensagem direta de denúncia, tenha sido exibido nos cinemas sem a intervenção de alguns órgãos. Sabendo que, aqui no Brasil os interventores seriam outros.

 

Texto escrito por:

Kley Coelho

O Senhor das Armas - filme com Nicolas Cage e Jared Leto

 

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