Crítica: Um Namorado para Minha Mulher (2016)
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Crítica: Um Namorado para Minha Mulher (2016)

Um Namorado para Minha Mulher é clichê, mas tudo em volta dele funciona brilhantemente.

Ficha técnica:
Direção: Julia Rezende
Roteiro: Julia Rezende, Lusa Silvestre
Elenco: Ingrid Guimarães, Caco Ciocler, Domingos Montagner, Marcos Veras, Paulo Vilhena, Letícia Colin
Nacionalidade e lançamento: Brasil, 01 de setembro de 2016.

Sinopse: Chico é casado há alguns anos com Nena. Ele não está mais tão satisfeito com a relação. A saída encontrada pelo marido é contratar um amante de aluguel para a esposa forçar a separação, porém as coisas saem do controle.

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“Mais uma comedia clichê da globo filmes?” Sim, tive essa reação ao saber deste filme. Muitos, contudo, irão conferir por adorar esse subgênero. Mas outros tantos fugirão – como eu quase fugi. Tal recusa seria um erro, pois mesmo o roteiro sendo bastante familiar, Um Namorado Para Minha Mulher possui vários elementos sensacionais. Tanto na autoconsciência do referido clichê, quanto nos elementos técnicos que o circulam.

A história é quase toda previsível. O forte, portanto, está em como ela foi conduzida. Usando assuntos atuais de forma quase sempre orgânica. O trato desses temas possibilitaram um humor ágil e simples, porém inteligente e, até certo ponto, singular. A piada sobre um dia de sol e um pedido de desculpas traz raras quebras de expectativa. Uma sequência dentro de um elevador, no arco final, é das mais hilárias do ano. As cenas durante os créditos finais autorreferencia o gênero e mostra que a diretora Julia Rezende sabia onde estava e para onde ia.

Uma comédia romântica tem, além do humor, a necessária premissa básica de possuir um casal que convence. Ingrid Guimarães (Entre Idas e Vindas) e Caco Ciocle encarnam a personificação do carisma. Ela com um mau humor incomum à atriz e uma personalidade forte eleva a nota do longa para cima. Ele mais contido, mas desnorteado a ponto de tomar atitudes drásticas – mas uma persona que se caracteriza por ser um “bobo”.

Destaque, também, para Domingos Montagner, interpretando o personagem Corvo. Montagner dá um ar misterioso e caricato ao amante de aluguel. Teatral, onisciente e improvável. Parte da tua boa vontade com o filme passará pela aceitação ou não desses adjetivos. Encarei com bons olhos a singular figura e aproveitei que o Corvo dialoga muito bem com o casal principal e assume o papel de personagem-título, mesmo como coadjuvante.

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Na parte técnica é notório o uso de uma trilha diegética denotando um cuidado maior com esse elemento. A música faz parte da história e a deixa mais vívida. Os figurinos são condizentes com cada personagem. Nina começa com roupas despretensiosas e evolui para um corte mais encantador. Chico é casual e discreto. Já o Corvo traz uma composição mais rústica, aliando roupas nos tos certos e madeixas comicamente volumosas.

Já o personagem Gastão (Paulinho Vilhena) me incomodou por usar uma linguagem anacrônica – ao por exemplo dizer a palavra “internauta”. Ele também possui um mega estúdio, não condizente com a aparente popularidade inicial dos videos que faz. Todavia, a dobradinha com Nina funciona plenamente e rende momentos engraçados e até reflexivos, quase pequenas crônicas como a de um Luis Fernando Veríssimo. Mas no caso mérito dela e não tanto de Vilhena.

Um Namorado para Minha Mulher é leve e com potencial para gerar empatia em diversos públicos. Uma premissa que não trazia, de modo aparente, nada grandioso, vai além do mais do mesmo. Se você já gosta do gênero vai adorar. Se não gosta recomendo dar um chance.

https://www.youtube.com/watch?v=acnPtJQ8M2c%20

  • Nota Geral
4

Resumo

Um Namorado para a Minha Mulher é leve e com potencial para gerar empatia em diversos públicos. Uma premissa que não trazia, de modo aparente, nada grandioso, vai além do mais do mesmo. Se você já gosta do gênero vai adorar. Se não gosta recomendo dar um chance.

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