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Crítica: Winter on Fire: Ukraine’s Fight for Freedom

Winter on fire: Ukraine’s Fight for Freedom está indicado ao Oscar de melhor documentário.

Ficha técnica: 
Direção: Evgeny Afineevsky
Elenco: população ucraniana
Nacionalidade e lançamento: Ucrânia, Reino Unido e EUA, 2015

Sinopse: a história das manifestações da revolução da população ucraniana
contra os atos do Presidente Viktor Yanukovych, em 2013-2014, que queria se aliar à Russia virando as costas para a União Europeia.

winter on fire

A Ucrânia fazia parte da União Soviética até o início dos anos 90, quando conseguiu a independência. O país fica em uma localização estratégica, entre o mundo ocidental e oriental.

O Presidente Viktor Yanukovych, que esteve no poder em 2004 (foi deposto por irregularidades na eleição), volta ao cargo máximo do país em 2010. Ele tinha como discurso um alinhamento voltado para a União Europeia. Mas, por trás dos panos, ele era pró-Russia, contrariando parte considerável da população ucraniana.

Winter on Fire: Ukraine’s Fight for Freedom, ou Inverno em Chamas: a Luta Ucraniana pela Liberdade (em tradução livre), nos apresenta, do ponto de vista dos manifestantes, a revolução que se deu naquele país durante 93 dias, entre o final de 2013 e início de 2014 (e de certo modo com conflitos reverberando até hoje), onde pessoas das mais diversas origens não concordavam com as atitudes de Yanukovych.

A narrativa do documentário é conduzida pelos mais variados manifestantes. Temos médicos, cantores, militares reformados, representantes eclesiásticos, estudantes e até uma criança. Mostrando bem a amplitude que aquela reivindicação alcançava.

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Os locais por onde as manifestações passaram são bem ilustrados em um mapa de Kiev (capital da Ucrânia), servindo para nos guiarmos por aqueles ambientes e vermos como se deu os deslocamentos. Notadamente Maiden, Praça da Independência do país, foi o centro da resistência popular. A praça foi tomada pelo povo e utilizada para organização dos interesses daquela massa.

A truculência da Berkut, uma unidade especial da polícia da Ucrânia, é mostrada ao logo de todo o filme. Muitas vezes atacando sem motivo aparente ou usando força desproporcional contra pessoas indefesas, às vezes até em membros da Cruz Vermelha e Sacerdotes.

No início os grupos que se rebelaram mostram-se organizados e seguidores da lei, apoiando a não violência. Mas em um dado momento houve pequenas rupturas dentro do próprio movimento. Em um mesmo espaço de conflito havia aqueles que tentavam o diálogo, enquanto outros partiam mais para o confronto físico, por exemplo. Todavia, ambos (polícia e manifestantes) demostravam estar dispostos às últimas consequências para defender os respectivos lados.

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A edição liga os eventos de forma que o ritmo do documentário flua bem. Fica evidenciado, a partir da tomada da Maiden, a evolução do desenvolvimento dos acontecimentos naqueles 93 dias. Muitos relatos emocionam e nos fazem comprar aquela ideia. A trilha, atuante em momentos pontuais, também presta um bom serviço à narrativa.

Todavia, a abordagem do diretor Evgeny Afineevsky peca ao fazer um recorte muito tendencioso. Independente da razão que aqueles personagens retratados parecem ter, a contextualização do ocorrido é relativamente pobre. Não vemos a posição do Presidente e nem a parcela da população que é favorável a ele. Poderia, caso não fosse possível à época, inserir relatos atuais até dos membros da Berkut.

Winter on fire: Ukraine’s Fight for Freedom é uma produção original da Netflix. A empresa já nos brindou com Beasts of no Nation que foi ignorado, injustamente, no Oscar, contudo emplaca dois longas na categoria de melhor documentário. Além deste aqui, temos também What happened, Miss Simone, sobre a cantora e ativista Nina Simone. Contudo o favorito para levar a estatueta é o excelente Amy, sobre a Amy Winehouse. E de fato temos um melhor trabalho apresentado na biografia da cantora de jazz do que aqui no retrato da revolução ucraniana.

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