ROCHA )S( #06 - Feridas do Cinema Brasileiro
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ROCHA )S( #06 – Feridas do Cinema Brasileiro

Ontem assisti a entrevista que o mago Antônio Abujamra fez com uma das grandes revelações do cinema nacional nos últimos tempos, de nome Anna Muylaert (umas das colaboradoras do roteiro de Alice-HBO). Na entrevista o provocador questiona:

 

“… O que é ser cineasta em um país em que a distribuição e a exibição estão nas mãos do Homem Aranha?”

– Os filmes existem, mas são pouco vistos.

Muylaert completa com um dado assustador:

“… Semana passada estreou o filme do Chico Xavier, do Daniel Filho e o filme do Esmir, os Famosos Duendes da Morte. O do Daniel deu 600 mil espectadores e do Esmir, que é um filme super premiado na Europa deu 2 mil”.

Abujamra ainda dá o golpe de misericórdia e diz que na Argentina, terra dos nossos queridos hermanos, existem cinemas que só exibem filmes argentinos.

 

– Já que abrir mão do lucrativo e pirotécnico cinema hollywoodiano é eutanásia comercial, seria esse um dos caminhos que cinema brasileiro poderia trilhar?

Hoje leio uma entrevista (datada em junho de 2013, mas atemporal) que a jornalista Luísa Pécora, do portal IG São Paulo, fez com o roteirista Dov Siemens. (Link da entrevista: http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/cinema/2013-06-20/cinema-brasileiro-esta-viciado-em-financiamento-publico.html)

Ele, norte-americano, ex-professor de Tarantino e Spike Lee, e instrutor do curso “Hollywood 2-Day Film School”, tem a “missão” de ensinar cineastas a fazer filmes financiados de forma totalmente independente e capazes de dar lucro.

O rótulo da alforria é relativo e a independência é ilusória, vive no dependente paradoxo do lucro final.

Próximas aspas…

 

“… “Vocês (nós brasileiros) estão totalmente viciados no governo e no socialismo em termos de financiamento”.

É inegável que uma grande parcela dos realizadores audiovisuais condicionou seus trabalhos a dependência dos editais e fundos de cultura.

O fogo da realização fica nas rédeas do fomento público. Os mesmos editais, os critérios duvidosos de sempre, as mesmas pessoas… E consequentemente um mesmo cinema.

 

“…A arte, para mim, é o negócio.”

– O negócio, pra mim, é a arte.

Enquanto a priori dele se baseia no capitalismo que ele compartilha, e no discurso que ele vende mundo a fora.

Roteiro em duas semanas, a cada duas páginas uma reviravolta. Quer exibir pague por isso, quer patrocínio dê lucro para isso.

É um “cinema fast food” que vê e executa o cinema como um negócio industrial e não como uma expressão artística mais plural e transgressora do que o lucro.

 

“… curta-metragens são idiotas…”.

– Na mesma proporção que muitos longas-metragens também o são. Idiotice maior é achar que ela é exclusividade das películas de 15 minutos.

 

“… meu filme favorito é aquele que dá lucro”.

A predileção sustentada na equação – + X (custo – trabalho – lucro) é típica de quem depende diretamente do resultado comercial da obra. Quem banca e quer a contrapartida. Produção e criação são faces de uma mesma moeda, mas misturas heterogêneas.

Em meio ao campo minado que é fazer cinema, cabe a nós, sujeitos, encarar o destino, ignorar as desconfianças e vestir a capa revolucionária do Superoutro (criação da mente insana do Sr. Navarro, eternizada na interpretação visceral do ator Bertrand Duarte), abolir os prazos, os cronogramas, as amarras “editatoriais”, “privilegionais”, “mercaidiológicas” e fazer essa porra!

 

Para ver essa, outras ilustrações, foto-montagens, colagens, e conhecer o trabalho da Adriana Lisboa: Tumblr: http://adrianalisboapictures.tumblr.com/ || Instagram: https://instagram.com/adrianasalisboa || Pinterest: https://www.pinterest.com/adrianalisboa71/

 

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