O diretor José Henrique Fonseca, que está com “Heleno” nos cinemas, também dirigiu o filme “O Homem do Ano”, baseado no livro de Patrícia Melo.
“Tudo começou quando eu perdi uma aposta”
“Depois que matei Suel, muita coisa mudou na minha vida. Acabou-se a lógica. Eu ia pela margem, no escuro, eu andava na contramão e tudo bem margens e contramão. Eu fazia tudo errado, ninguém via, e se via não ligava e se ligava, esquecia, porque a vida é assim, já foi dito que tudo acaba assim, no esgoto do esquecimento”.
A história fala dos medos da classe média, dos pensamentos fascistas que a falta de proteção policial faz as pessoas ter. Mostra o lado mais grotesco a que o ser humano pode chegar devido à violência.
No filme, o espectador pode sentir algum tipo de empatia com Máiquel. No livro, não. O personagem principal, e todos os outros que o cercam (com apenas uma exceção), são nojentos, canalhas, desumanos. O estilo seco e bruto do texto de Patrícia Melo faz com que o leitor sinta uma mistura de ódio e pena dos personagens, mas sem nunca ultrapassar o limite que faria o leitor deixar o livro de lado.
“Neno pediu pelo amor de Deus para eu não matá-lo. Mas eu não acreditava mais em Deus. Eu acreditava em úlceras. Eu vou te matar, seu filho da puta, eu vou te matar porque, a partir de agora, eu sou o matador. Eu sou a grade, o cachorro, o muro, o caco de vidro afiado. Eu sou o arame farpado, a porta blindada. Eu sou o Matador. Bang. Bang. Bang.”
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