8 filmes sobre suicídio - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
Artigo

8 filmes sobre suicídio

Setembro é o mês de conscientização e prevenção ao suicídio. Chamado desde 2014 de Setembro Amarelo, a campanha visa mostrar que o suicídio precisa ser lembrado a fim de alertar para esse grande perigo e não abafar um problema que aflige milhares de pessoas no mundo inteiro.  Trata-se de um assunto nada agradável, mas necessário. Falar sobre o suicídio requer responsabilidade, coerência e respeito, porque uma palavra errada ou mal colocada, um julgamento duro, podem causar sérios danos.

Produzida pela Netflix, a série “Thirteen Reasons Why” – em 13 capítulos, baseada no livro de Jay Asher – aborda o suicídio de forma ampla, gerando uma série de discussões. A série é mais centrada na figura de Clay Jensen, um jovem que em um certo dia recebe uma caixa com alguma fitas cassetes. Ali está gravado o depoimento de sua amiga Hannah Baker, que se suicidou, e nas fitas revela 13 motivos que a levaram a essa trágica decisão. A produção gerou muita polêmica, abrindo debates acerca do tema e dividindo opiniões, principalmente devido a sua cena final bastante forte.

Nossa matéria de filmes sobre suicídio não visa fazer um apanhado de várias produções que de alguma forma tratam do suicídio, mas sim fazer uma pequena análise de alguns filmes que tratam do assunto de forma responsável, filmes que abordam o suicídio como um pedido de socorro, como um alerta para que outros casos possam ser evitados.

 

Uma Vida em Suspense (1965. EUA). Direção: Sidney Pollack. Com: Sidney Poitier, Anne Bancroft e Telly Savalas

Esqueça o pretensioso título nacional. Aqui, trata-se de um drama sobre um estudante voluntário de uma clínica de ajuda a pacientes que em uma certa noite recebe um telefone de uma mulher que diz estar morrendo depois de tomar barbitúricos. De início ele fica sem saber direito o que fazer, mas aos poucos ele vai tentando obter informações que possam indicar o local onde a mulher está. Durante os diálogos com os protagonistas, ficamos conhecendo um pouco sobre aquela mulher e o que a deixou tão angustiada a ponto de querer tirar a própria vida. A obra enfoca mais, e principalmente, na tentativa desesperada de homens tentando salvar uma vida entregue ao desespero. Primeiro filme do diretor Sidney Pollack, que conta com um ótimo casal de atores.

—————————————————————————————————-

Gente Como a Gente (1980. EUA). Direção: Robert Redford. Com: Timothy Hutton, Donald Sutherland e Mary Tyler Moore

Esta produção vencedora de quatro Oscars fala sobre uma família destruída emocionalmente depois que um dos filhos do casal morreu em um grave acidente. O irmão se sente culpado e tenta o suicídio. A mãe procura resolver a situação fazendo de conta que está tudo bem, mas o pai sabe que aquela família está desmoronando. Temos aqui a questão da culpa, do abandono, a tarefa nada fácil de seguir em frente depois de uma grande tragédia que se abateu na vida de todos. Um psiquiatra tenta ajudar o jovem a superar sua dor, esbarrando em sentimentos dilacerados. Uma das obras mais importantes sobre problemas familiares, sempre com um tom dramático, sem humor e respostas fáceis.

—————————————————————————————————-

Despedida em Las Vegas (1995. EUA). Direção: Mike Figgis. Com: Nicolas Cage e Elisabeth Shue

O escritor John O’Brien escreveu sua autobiografia narrando sua vida de alcoolismo desregrado. O diretor Figgis transformou essa história em um filme, mas jamais esperava que O’Brien morreria duas semanas depois do início das filmagens. A produção narra a história de um roteirista de Hollywood, que, em um processo lento e longo de autodestruição, bebe sem parar. Um suicídio lento e não menos doloroso.  Em seus últimos dias de vida, ele visita cassinos, arruma confusões e se envolve com uma prostituta que vive explorada. Nesse meio marginal, pessoas ‘invisíveis’ não são enxergadas por uma sociedade que não está muito interessada em problemas alheios. Uma obra forte e impactante. Não é para todos os públicos.

—————————————————————————————————-

Garota, Interrompida (1999. EUA). Direção: James Mangold. Com: Winona Ryder, Angelina Jolie e Britany Murphy

O filme relata a história de Susanna Kaysen, autora do livro de mesmo nome. Nos anos 60 ela é internada em uma clínica psiquiátrica após uma de suas grandes crises devido ao seu problema de Transtorno de Personalidade Borderline. Naquele local de tratamento ela passará por vários processos clínicos, até um dia estar apta para voltar a viver normalmente. Sua estadia ali faz com que outras pacientes se tornem suas amigas (ou não), e sua sanidade será colocada à prova depois de passar pelas mais difíceis situações envolvendo uso forte de medicamentos e demais experiências que acabam fazendo dela uma pessoa ainda mais confusa do que antes. Discute-se a questão de como realmente lidar com pessoas que um dia tentaram o suicídio.

—————————————————————————————————-

As Virgens Suicidas (1999. EUA). Direção: Sofia Coppola. Com: Kirsten Dunst, Kathleen Turner e James Woods

Não é nada fácil falar sobre suicídio no cinema sem parecer uma glamorização do problema. O que dizer então de cinco irmãs reprimidas por seus pais, sendo elas jovens que carregam o desejo de desistir de tudo? Uma delas toma a mais trágica decisão de sua vida, fazendo com que o cuidado sobre as outras quatro seja redobrado. O filme de Sofia Coppola discute questões sobre arbitrariedade, falta de liberdade e superproteção que podem acarretar sérios problemas e causar o efeito inverso ao que se pretendia. Uma cidade pacata dos EUA nos anos 70 sendo palco e testemunha de uma tragédia anunciada serve como demonstração de que, o que está aparentemente bem, por vezes precisa de maiores atenções e menos rigorosidade.

—————————————————————————————————-

A Ponte (2006. EUA). Direção: Eric Steel

Documentário que é a mais polêmica produção feita sobre o suicídio, por mostrar cenas reais de pessoas se jogando da ponte Golden Gate, em São Francisco, local que tem o maior índice de suicídios da história. O diretor filmou por vários meses o trágico ato daquelas pessoas que deram fim à própria vida. Várias entrevistas de familiares e amigos das vítimas dão a dimensão do problema e nos mostram fatos e detalhes, traçando um perfil (claro que não definitivo) das pessoas que desistem de viver. O mais polêmico de tudo é a discutível ação do diretor em filmar tudo sem se posicionar em ajudar aquelas pessoas, ficando ali, neutro, impassível ao que registrava. Mas a produção também relata casos de sobreviventes e de pessoas que ajudaram a salvar vidas.

—————————————————————————————————-

Garoto Interrompido (2009. EUA). Direção: Dana Heinz Perry

Documentário da HBO que narra a triste história de Evan Scott Perry, garoto bipolar que desde cedo era obcecado pelo tema da morte, e aos 15 anos tragicamente se jogou de uma janela. Dirigido por sua própria mãe, que registrou vários momentos de Evan durante o passar dos anos, a obra é a mais dolorosa a tratar do suicídio porque nos passa a sensação de impotência e de que tudo que havia sido feito para salvar a vida do jovem não foi o suficiente, ainda que muito de fato tenha sido feito. Uma discussão recorrente acerca do suicídio é a questão da culpa, e aqui isso ganha maiores contornos, de certa forma até indiretamente. O documentário nos mostra também como é difícil e muito delicado lidar com pessoas que vivem permanentemente angustiadas, nos abrindo os olhos para a necessidade em estarmos sempre um passo à frente na tentativa de ajudá-las.

—————————————————————————————————-

Elena (2012. Brasil). Direção: Petra Costa

Petra Costa dirigiu este documentário na tentativa de refazer a história de sua irmã Elena Andrade, que um dia foi para Nova York na intenção de realizar o sonho em ser atriz, mas passando por problemas ela não conseguiu seguir muito adiante e um dia cometeu suicídio. A obra fala de saudade, de lembranças que remetem à infância e juventude não apenas de Elena, mas também de Petra, e o convívio com a mãe que sempre se mostrou presente. A diretora transforma um tema amargo em uma sucessão de momentos poéticos, preferindo uma abordagem mais de homenagem do que de dor da perda e da ausência. A não realização de Elena se transforma, na obra de sua irmã, em um poderoso registro da lembrança, sobre a necessidade em não esquecer, preenchendo assim a lacuna da saudade presente o tempo inteiro.

—————————————————————————————————-

 

 

Para ajuda, apoio e prevenção do suicídio: CVV – Centro de Valorização da Vida. Ligue 144.

Deixe seu comentário