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TOP5: Filmes do Homem-Aranha

A estreia do aguardado Homem-Aranha: De Volta ao Lar está logo aí na esquina, e decidi revisitar todos os filmes do amigão da vizinhança, que já teve 3 interpretes no cinema, 5 filmes e muita influência na cultura pop. Com isso em mente, preparei uma lista (todo mundo adora listas) com todos estes filmes, do pior para o melhor.

5 – O Espetacular Homem-Aranha (2012)

O Espetacular Homem-Aranha

The Amazing Spider-Man, 2012

Após o término da trilogia dirigida por Sam Raimi, o futuro do cabeça de teia com os mesmos atores estava incerto. Apesar de Homem-Aranha ter sido o que mais arrecadou dinheiro, foi o filme do aranha com menos aprovação da crítica e dos fãs até então, e a Sony não tinha ideia de como prosseguir com aquela franquia. Em 2010, o estúdio anunciou que seguiria em frente com um Reboot, com novos atores e diretor. Andrew Garfield viveria o Aranha desta vez, e Marc Webb dirigiria O Espetacular-Homem Aranha, o qual prometiam ser o filme definitivo do escalador de paredes.

Infelizmente, não foi daquela vez. Adotando um tom mais sombrio e apostando em uma jogada de marketing barata que anunciava “A História  Não Revelada”, a produção é a mais inferior de todas protagonizadas pelo aranha. É aquele velho ditado: “se não está quebrado, não concerte“. A escolha de mudar a origem do herói numa trama rocambolesca envolvendo os pais de Peter (que foi inspirada nos quadrinhos ultimate do herói) muda completamente o sentido do personagem e tira a essência do que define o Homem-Aranha. Aqui, Peter parece desde sempre o “escolhido”, e perde-se toda a graça do garoto normal que sofre as consequências do acaso. Ainda assim, o maior problema perceptível é a clara falta de tom narrativo da produção. Ao mesmo tempo em que Marc Webb parece fazer um filme alçado – na medida do possível – no realismo, com explicações para os gadgets do herói e até uma fantasia mais artesanal; e sombrio, com uma fotografia mais acinzentada e cenas de ação predominantemente noturnas, o compositor James Horner aposta em uma trilha sonora mais leve, com um roteiro que varia entre piadas cartunescas e conveniências de roteiro que não combinam com o resto. Esta abordagem sombria poderia funcionar caso a visão fosse consistente, o que não é o caso.

A grande decepção fica mesmo com Marc Webb (diretor do excelente 500 Dias Com Ela), que topou dirigir este filme sabendo que trabalharia com um estúdio que gosta de supervisionar suas franquias bem de perto. Desta forma, a visão do cineasta foi diluída no processo (já imaginou um filme do teioso na pegada coming of age de 500 Dias?), e ficamos com um Peter Parker cool e skatista que escuta Coldplay (e o pior é que isto deve ter sido ideia do próprio Webb) e um romance água com açúcar com a bela Gwen Stacy de Emma Stone. Algumas cenas de ação (a sequência no esgoto com o descartável vilão Lagarto é memorável) e visuais funcionam, mas no fim, não conseguem salvar essa bagunça de soar menos como uma nova visão e mais como uma reciclagem barata dos filmes de Sam Raimi. Do que adianta acertar no Homem-Aranha como herói se o Peter Parker é completamente descaracterizado?

4 – O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro (2014)

O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro

The Amazing Spider-Man 2, 2014

Em O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro, ficaram claras as intenções de corrigir os erros do primeiro, ao menos tonalmente. Webb e sua equipe retornaram, e – superficialmente – esta sequência já é melhor que o anterior por abandonar o sombrio e realista do primeiro e abraçar o clima dos quadrinhos. Além de ter o uniforme mais fiel ao material de origem até então (como eu disse, De Volta ao Lar está logo aí), as cenas de ação são mais eficientes e empolgantes, o que demonstra uma evolução de Webb como diretor nesse aspecto.

No entanto, as exigências do estúdio interferem novamente nessa produção, que tem todas as subtramas possíveis, três vilões (cometendo os mesmos erros de Homem-Aranha 3) e a necessidade de abrir constantemente pontas para o então planejado e já engavetado “universo-aranha” com Garfield e companhia. É novamente a falta de foco atrapalhando a produção. Se alguns dos erros do primeiro filme foram concertados, outros são elevados, como a persistência no enredo de “A História Não Revelada” envolvendo os pais de Peter.

Desta forma, este é o filme que acaba sendo o mais confuso de toda a série, já que consegue divertir e possui até alguma fidelidade aos quadrinhos, mas apenas superficialmente. Não adianta recriar uma sequência-chave inteira dos quadrinhos (você sabe qual é) se não há investimento emocional naqueles personagens ou nos fracos vilões. Dividiu novamente os fãs, não fez tanto dinheiro e teve papel determinante na parceria entre a Marvel e Sony para De Volta ao Lar. Ainda assim, a eficiência visual deste filme o eleva nesta lista.

3 – Homem-aranha 3 (2007)

Homem-Aranha 3

Spider-Man 3, 2007

Vamos direto ao ponto: Homem-Aranha 3 não chega perto de ser a atrocidade que muitos dizem. Sim, ele é uma bagunça, e sim, é o filme mais inferior da trilogia de Sam Raimi, mas ainda sim, possui mais coração que os dois filmes de Garfield e companhia. Os erros que se estenderiam nos filmes seguintes aqui se tornam evidentes: várias conveniências de roteiro, os três fucking  vilões, e uma clara falta de tesão de Raimi em continuar aquela história, alterada por exigência do estúdio, que insistiu a inclusão do vilão Venom (pelo qual Raimi sempre deixou claro seu desprezo), obrigando o diretor a reescrever cenas inteiras no próprio set.

Além disso, é o filme do Aranha que mais aposta no humor, com suas já infames sequências do Peter dançarino. Ao menos estas sequências, por mais galhofas que sejam, soam mais como uma progressão de um tipo de humor que já era pincelado há tempos nesta trilogia, e, por mais que realmente sejam exageradas, conseguem servir como uma boa diversão trash. Se reclamei da distorção da essência do personagem nos filmes anteriores, com a origem de seus poderes tendo envolvimento direto dos pais, aqui, Raimi faz algo ainda pior: para atribuir mais relevância ao vilão Homem-Areia, o diretor tira da cartola um retcon (alteração de fatos previamente estabelecidos na cronologia) dos mais sem-vergonhas, e revela que na verdade foi o vilão quem matou o tio Ben, retirando todo o peso de consequência cruel que as escolhas de Peter causaram no primeiro filme. Aquele lance, sabe: com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades.

Ainda assim, Raimi é muito mais diretor que Webb, e mesmo com muitos problemas, este terceiro capítulo consegue divertir e emocionar – mesmo em todo o seu melodrama – por servir de conclusão à uma história pela qual já estávamos investidos emocionalmente, com dois grandes filmes que ajudaram a definir um gênero. É também o filme do Aranha que mais fez dinheiro mundialmente.

2 – Homem-Aranha (2002)

Homem-Aranha

Spider-Man, 2002

Com apegos nostálgicos de lado, o primeiro Homem-Aranha é um dos filmes mais importantes para o gênero de histórias em quadrinhos, e ajudou a definir a tal “fórmula” Marvel, já que Kevin Feige, presidente do Marvel Studios, o cita -junto com o próximo filme desta lista – constantemente como referência. Antes dele tivemos Blade e X-Men, mas foi Homem-Aranha que abraçou o conto clássica do super-herói para os anos 2000 e provou que o mesmo poderia funcionar.

Colocando o contexto de lado, Homem-Aranha ainda é uma ótima história de origem, com cenas icônicas como a primeira escalada de Peter (e são em momentos como este que Raimi mostra seu poder como contador de histórias), o primeiro beijo de Peter e Mary Jane e a batalha final com o Duende Verde. Se a armadura do vilão parecia mais a de um vilão do power rangers, ele pelo menos era representado pelo grande Willem Dafoe. Se o Aranha não era o piadista e mais fiel aos quadrinhos que vimos nos filmes da série “Espetacular…”, ao menos a persona de Peter estava intacta e era empática (e francamente, Tobey Maguire merecia mais créditos por uma performance que ficou mais marcada pelas caras de choro engraçadas que o ator fazia do que pela clara eficiência) e ainda havia o poço de carisma que é J.K. Simmons como o J. Jonah Jameson perfeito.

É, até hoje, um dos melhores filmes de origem, de uma importância enorme para os futuros filmes da Marvel, com pequenos problemas que o tornam levemente inferior à sua sequência.

1- Homem-Aranha 2 (2004)

Homem-Aranha 2

Spider-Man 2, 2004

Quem disse que você precisa fazer um filme sério e sombrio para discutir os dilemas e angústias de um herói? Muito antes de Batman – O Cavaleiro das Trevas chegar aos cinemas, havia outro jovem clássico: Homem-Aranha 2. Se não é tão sombrio quanto Batman, este segundo filme da trilogia de Sam Raimi é tão deprimente quanto. Ao final do primeiro filme, vemos o nosso herói escolhendo largar sua amada devido a “dádiva e maldição” – nas palavras do próprio – que é ser o Homem-Aranha. Neste capítulo, vemos as consequências dessas escolhas: desemprego, solidão, negligência aos amigos e família… Há tantas subtramas, e ainda assim todas elas são abordadas de formas tão satisfatórias, que HomemAranha 2 se torna um filme quase perfeito.

Com um ótimo vilão (a versatilidade que falta a Alfred Molina é compensada no visual marcante e estiloso do personagem), sequências de ação de tirar o fôlego (até hoje a sequência do trem é uma das melhores de ação já vistas em qualquer filme do gênero), momentos emocionais e icônicos e um humor negro adorável (Raimi até se permite brincar de Evil Dead na sequência do “despertar” de Doutor Octopus), este não só é o melhor filme do amigão da vizinhança, como está lá em cima na lista de melhores e mais importantes filmes de super-heróis já feitos.


Só nos resta torcer para que Homem-Aranha: De Volta ao Lar consiga recuperar estes elementos que definem o herói como um dos mais importantes já criados. O aranha merece essa posição de volta.

Homem-Aranha: De Volta ao Lar chega aos cinemas no dia 6 de julho.

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