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Ir ao cinema ou comprar uma bicicleta?

Há alguns dias eu e minha noiva resolvemos ir ao cinema. Fazia algum tempo que não fazíamos isso, não apenas por falta de tempo, mas também porque a atual época de nossas vidas exige algo que o mundo adulto chama de “economia”. A correria da semana, os trabalhos a serem feitos, reuniões e outras atividades impediram que fôssemos durante a semana, por isso, decidimos que o dia escolhido seria sábado.

No final da tarde (após um dia inacreditável de calor), estávamos prontos. Saímos de casa, pegamos o carro e nos dirigimos ao shopping. Chegando lá, rodamos até encontrar uma vaga no imenso, porém pequeno, estacionamento. Nele, os carros já paravam em cima dos canteiros de árvores, nos corredores, diminuindo o espaço para a passagem de carros, e em tantos outros lugares quanto você possa imaginar. Após alguns minutos – confesso que tivemos sorte -, descemos do carro e entramos no shopping. Levamos cerca de 10 minutos andando até chegarmos ao cinema. Já estávamos decididos, o filme elegido havia sido “La La Land”.

Afinal, seria uma boa ideia ir até o cinema para assistir a um filme que está concorrendo a 14 categorias do OSCAR 2017, não?. Quando chegamos no guichê, olhamos os horários disponíveis para confirmar a nossa opção. Enquanto eu olhava para cima, apertando os olhos para enxergar melhor os horários disponíveis e os filmes em cartaz, percebi que, em uma TV ao lado estavam indicados os valores dos ingressos. Os meus olhos que antes se apertavam para enxergar melhor, agora começavam a abrir em um movimento de surpresa e desespero: “inteira: R$31,00”, “meia: 15,00”. Olhei novamente para ver se tinha visto certo o valor do ingresso ou se era o indicador do preço do barril de petróleo.

Para a minha decepção, eu não havia me enganado. A fila tinha andado e agora chegava a nossa vez, nos direcionamos para o caixa 2. Um vidro com uma caixinha de som embutida nele, me separava da atendente que esperava ansiosamente o anúncio do filme e o horário de exibição que havíamos escolhido. Ela murmurou alguma coisa no microfone que estava na sua frente, apoiado no balcão, localizado do outro lado do vidro, mas eu não entendi. Parecia um rádio antigo mal sintonizado. Fiz uma cara confusa e pedi para que repetisse: “Boa noite senhor, qual é o filme e a sessão?”, ela repetiu quase sem paciência.

Suas palavras entravam pelos meus ouvidos e chegavam ao meu cérebro, mas lá, todos os meus neurônios estavam com calculadoras e pilhas de papéis calculando a fortuna que eu teria que pagar para entrar na sessão. A fatura na minha cabeça adicionava rapidamente os valores: eu, pagante de meia entrada, minha noiva, entrada inteira. Além disso, depois de 2 horas de filme estaríamos com sede e fome. Não, não, espera, “sede OU fome”, se fossem os dois eu já me imaginava tendo que vender o meu carro para pagar a salada com croutons que comeria. E claro, não se esqueça de adicionar à conta, o estacionamento.

Ao perceber minha cara de espanto e a “tela azul” que havia aparecido em meus olhos, minha noiva me olhou e perguntou se ainda deveríamos entrar na sessão. Olhei para ela, para a atendente e para a fila que começava a se acumular atrás de nós. Apertei os olhos, como quem toma coragem, me virei para a atendente e fiz o meu pedido: duas entradas, uma meia e uma inteira, para La La Land às 18h50, por favor”.

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