Crítica: Toni Erdmann (2016) - Cinem(ação) | Trailer, resenha, lançamento
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Crítica: Toni Erdmann (2016)

Toni Erdmann foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Ficha técnica:
Direção e roteiro: Maren Ade
Elenco: Peter Simonischek, Sandra Hüller, Thomas Loibl,  Ingrid Bisu
Nacionalidade e lançamento: Alemanha, 2016 (09 de fevereiro de 2017 no Brasil)

Sinopse: Winfried (Peter Simonischek) é um senhor que gosta de levar a vida com bom humor, fazendo brincadeiras que proporcionem o riso nas pessoas. Seu jeito extrovertido fez com que se afastasse de sua filha, Ines (Sandra Hüller), sempre sisuda e extremamente dedicada ao trabalho. Percebendo o afastamento, Winfried decide visitar a filha na cidade em que ela mora, Bucareste. A iniciativa não dá certo, resultando em vários enfrentamentos entre pai e filha, o que faz com que ele volte para casa. Tempos depois, Winfried ressurge na vida de Ines sob o alter-ego de Toni Erdmann, especialista em contar mentiras bem-intencionadas a todos que ela conhece.

Toni Erdmann tem um protagonista exótico. Ao mesmo tempo que causa repulsa é envolvente e tem algum carisma. O senso de humor dele transita entre o ingênuo, carinhoso, escatológico, insano e triste. Tudo isso é também a metonímia para o filme como um todo. Não à toa ele é o personagem título, brilhantemente interpretado pelo veterano Peter Simonischek.

Apesar da presença quase que constante, perde-se muita força quando ele não está no foco. A filha Ines Conradi (Sandra Hüller ) tem um papel fundamental. Hüller é uma ótima atriz, encarna uma figura complexa, real e antítese do pai. Mesmo com todos esses méritos, cada vez que ela está sozinha em cena ou sem a figura paterna, o interesse do público tende a escapar.

Esse ponto é agravado pelo fato de Toni Erdmann ter injustificáveis 162 minutos. O segundo ato em especial tem uma série de momentos dispensáveis. Se a figura da filha, que também é central, tem muito destaque – o que pode compensar o exagero na minutagem – o mesmo não pode se dizer dos outros personagens. Os coadjuvantes pintam um cenário até certo ponto necessário, todavia o tempo dispendido com eles não vale. Se a produção alemã se contentasse com “humildes” duas horas, poderíamos ter uma obra prima.

E assim a qualifico sem medo. O potencial ali presente é vislumbrado já na sequência inicial – onde vemos um quase resumo do que viria pela frente. A rápida reunião familiar que se segue também dá o tom de forma precisa. Ou então a hilária cena da festa no terceiro ato. Vemos, portanto, espalhados no todo, instantes sensacionais – que justificam os prêmios que tem recebido. A vírgula negativa é que temos que “sofrer” muito. Se você não se importar com barrigas, personagens que sobram ou de ficar uma hora a mais dentro da sala, então irá aproveitar na plenitude o que Toni Erdmann tem a oferecer.

A cena final, por exemplo, presta-se a fechar um arco e o faz muito bem. Contudo, momentos antes vemos um diálogo com o mote primeiro da trama que seria um fecho mais impactante. Algo semelhante ocorre em Capitão Fantástico, que curiosamente também tem como meta evocar a relação de um pai com os filhos.

Com a decisão de Trump de impedir iranianos nos EUA, o longa do Irã O Apartamento pode levar a estatueta. Considerando apenas o fatores intrínsecos à narrativa, eu coloco Toni Erdmann abaixo daquele. Mas ainda eterno viúvo de grandes filmes que ficaram de fora da lista final de melhor Filme Estrangeiro, como Julieta do Almodovar, Neruda, Apenas o Fim do Mundo, Fogo no Mar, Sierranevada, Paraíso, Pequeno Segredo (ops, deste não sinto falta alguma…).

  • Nota Geral
4

Resumo

Toni Erdmann poderia ser uma obra prima. Foi indicado ao Oscar de melhor Filme Estrangeiro. A grande duração estraga um pouco a experiência…

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