Crítica: O Roubo da Taça (2016) - Cinem(ação)- Resenhas, Trailers
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Crítica: O Roubo da Taça (2016)

O Roubo da Taça é divertido, mas falta viço e consistência.

Ficha técnica:
Direção: Caito Ortiz
Roteiro: Caito Ortiz, Lusa Silvestre
Elenco: Taís Araújo, Paulo Tiefenthaler, Milhem Cortaz, Danilo Grangheia, Stepan Nercessian,  Mr. Catra
Nacionalidade e lançamento: Brasil, 08 de setembro de 2016.

Sinopse: uma recriação cômica dos eventos que envolveram o roubo da taça Jules Rimet no começo da década de 80. Contando o antes, durante e depois de uma das histórias mais inacreditáveis do nosso futebol.

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“Uma boa parte realmente aconteceu” é com essa frase que O Roubo da Taça começa. A notação se faz necessária, pois alguns eventos são tão impossíveis que tem que ser verdade. Sabe aqueles causos tão malucos que só podem ter a marca Brasil? Junta com o folclórico futebol e uma malandragem carioca e temos nosso filme. Destaque também, que a produção do longa é da Netflix.

O grande charme aqui é apresentar para as novas gerações o que houve na época. Tanto que não tarda para surgir na tela uma explicação sobre o que era a simbologia da taça – o país que ganhasse três vezes a Copa do Mundo ficaria em posse definitiva do artefato, feito obtido pelo Brasil em 1970. A abordagem um tanto expositiva, talvez se faça necessária. E na história há, claro, algumas licenças poéticas.

O foco, além do roubo em si, é a relação de Peralta (Paulo Tiefenthaler) – um dos ladrões – e da namorada/esposa Dolores (Taís Araújo). Toda a trama gira em volta deles e de como eles conseguiram repassar o cobiçado troféu. Junto com o parceiro de assalto, o Borracha (Danilo Grangheia), a dupla protagoniza alguns momentos bem divertidos. Porém a diversão fica um tanto espaçada.

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E infelizmente o longa não vai muito além. De modo algum o taxaria como ruim, mas memorável também não é um adjetivo pertinente. De fato ele é bem ambientado e traz um design de produção digno de elogios. Vemos vários objetos e referências à época. A fotografia também tem algum destaque ao possuir uma paleta meio sépia e um intencional ar datado. A edição, contudo, traz alguns cortes um pouco grosseiros – aí também opção errada da direção ao escurecer a tela ou ocultar a imagem do interlocutor nos primeiros momentos de alguns diálogos.

Todavia, a boa ambientação (que não se compara a um Dois Caras Legais ou Carol, por exemplo) não sustenta o resto do filme. E isso ocorre também pela história ser melhor que o roteiro. Roteiro este bem previsível, sem dar a chance de nos importamos com os personagens (nos importamos mais com a situação). Alguns fatos não reverberam de forma devida e muitas cenas poderiam ser descartadas. Você pode sair com uma sensação de “ok, filme agradável”, mas pode ter o sentimento de potencial desperdiçado.

Parte desse talento se deve às figuras de Taís Araújo e Milhem Cortaz (Mais Forte que o Mundo). Praticamente todas as cenas que um deles aparecem vemos qualidades interpretativas, mesmo com os personagens não ajudando. O protagonista Paulo Tiefenthaler é inconstante e sofre do efeito oposto, algumas falas nas mãos de outro ator poderiam funcionar melhor. Algumas participações especiais, como a do Mr. Catra, são desperdiçadas. E o elenco de figurantes estava mal instruído.

O último arco em especial, corrido, mal editado e com alguns furos, impede que o O Roubo da Taça seja algo além de regular. Porém o filme diverte, tem algum carisma e traz à tona um peculiar momento da nossa historia recente. De forma bem descompromissada pode garantir uma boa ida ao cinema.

https://www.youtube.com/watch?v=3YqTekc1z-c%20

  • Roteiro
  • Direção
  • Atuação
  • Fotografia
  • Design de produção
  • Edição
2.7

Resumo

O Roubo da Taça diverte, tem algum carisma e traz à tona um peculiar momento da nossa historia recente. De forma bem descompromissada pode garantir uma boa ida ao cinema. Mas quem quer um roteiro e direção mais incisivos pode se decepcionar.

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