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Crítica: O Bom Gigante Amigo

O Bom Gigante Amigo é bobinho… é fofinho… é um filminho.

Ficha técnica:
Direção: Steven Spielberg
Roteiro:  Melissa Mathison
Elenco: Mark Rylance, Ruby Barnhill, Penelope Wilton, Jemaine Clement, Rebecca Hall, Rafe Spall, Bill Hader
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2016 (28 de julho de 2016 no Brasil)

Sinopse: A pequena órfã Sophie (Ruby Barnhill) encontra um gigante amigável (Mark Rylance) que, apesar de sua aparência assustadora, se mostra uma alma bondosa, um ser renegado pelos seus semelhantes por se recusar a comer meninos e meninas. A garotinha, a Rainha da Inglaterra (Penelope Wilton) e o ser de sete metros de altura unem-se em uma aventura para eliminar os gigantes malvados que estão planejando tomar as cidades e aterrorizar os humanos.

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Steven Spielberg já foi uma referência no cinema de “filmes para família”. É uma pena que nos dias atuais suas obras tenham se tornado uma paródia de si mesmas. Trabalhando pela primeira vez com a Disney, o diretor adapta a obra O Bom Gigante Amigo, clássico da literatura infantil escrito por Roald Dahl (que escreveu também Matilda e A Fantástica Fábrica de Chocolate), realizando uma adaptação que, em sua maior parte não tem nada de inspirada, não tem nada de grandiosa.

Spielberg conta a história da aborrecida improvável amizade da órfã Sophie e do BGA (o Bom Gigante Amigo do título). Os dois… bom…eles brincam um pouco no mato…caçam sonhos ao melhor estilo “caçar água-viva” do desenho Bob Esponja… A verdade é que pouco ocorre nas longas 1h 57m de duração. O maior conflito que Sophie e o BGA devem enfrentar são gigantes carnívoros que moram na mesma vila que seu amigo. E ainda assim não sentimos perigo ou imediatismo diante dos problemas.

Não há problema em se focar no lado humano da história: a amizade entre uma jovem garotinha e um desajeitado gigante, mas o problema é que Spielberg adota uma abordagem tão melodramática e pesada pra tudo, que acaba ficando óbvia a vontade do realizador de manipular nossas emoções, provocando choro, riso, sensação de deslumbramento e aventura … tudo acompanhado por um John Williams no automático, com uma trilha sonora nada inspirada.

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Nas atuações, o destaque fica mesmo para a dupla principal. O vencedor do Oscar Mark Rylance faz um bom trabalho como o gigante do título, auxiliado pelos incríveis efeitos computadorizados pela WETA (responsável pelos efeitos especiais de O Senhor dos Anéis), que conferem um realismo que me fez questionar se havia algum tipo de maquiagem envolvida para incluir as feições de Rylance no gigante. Não há, é tudo computação gráfica. O ator confere um certo carisma ao BGA, com seu jeito de falar desengonçado, trocando letras e palavras. Após um tempo, porém, esboçamos a mesma irritação que Sophie aos problemas de dicção do Gigante, e eles acabam ficando irritantes e insuportáveis.

Já Ruby Barnhill se sai suficientemente bem como Sophie, mas a personagem é tão genérica e se resume a ser aquele velho estereótipo que estamos cansados de ver: o da criança espertinha, culta e com um vocabulário avançado para sua idade. Temos então dois personagens que, após um tempo se tornam irritantes. E temos que ver eles virando amigos, brincando e correndo pelo mato por um bom tempo até que o perigo dos Gigantes se torne real. Tudo acaba ficando, bom…meio monótono.

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O visual é onde o filme mais acerta. Os efeitos digitais construídos pela WETA são, como já mencionado, incríveis, e o visual dos gigantes e da terra deles é bem cosntruído e interessante. A fotografia de Janusz Kaminski, colaborador habitual de Spielberg, aposta muito no dourado e cores mais quentes, principalmente no lar do BFG, conferindo um tom aconchegante e quente, contrastando com as cores mais sóbrias do “mundo real”… até chegarmos no terceiro ato, envolvendo uma rainha, um palácio, e uma ridícula sequência apelando pra humor de flatulência.

Destaque para uma cena que consegue transmitir um pouco de maravilhamento: a sequência em que vemos o sonho de um garotinho ser representado por sombras, que é tocante, engraçada e nos lembra do quão bom Steven Spielberg pode ser.

No fim, Spielberg tenta realizar uma fábula com um clima de deslumbramento que seus filmes antigos eram famosos por ter. Ao invés disso, pesa a mão no melodrama e manipulação emocional, realizando uma adaptação burocrática e pouco inspirada sobre dois personagens desinteressantes que consegue ser a pior coisa que um filme desse tipo pode ser: chato pra caramba.

*O 3d é bom, mas prefira, como sempre, as cópias 2D

  • Nota Geral:
2

Resumo

Spielberg tenta realizar uma fábula com um clima de deslumbramento que seus filmes antigos eram famosos por ter. Ao invés disso, pesa a mão no melodrama e manipulação emocional, realizando uma adaptação burocrática e pouco inspirada sobre dois personagens desinteressantes que consegue ser a pior coisa que um filme desse tipo pode ser: chato pra caramba.

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