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Crítica: Os Anarquistas

Os Anarquistas torna o movimento sem graça e com pouca expressão.

Ficha técnica: 
Direção: Elie Wajeman
Roteiro: Elie Wajeman e Gaëlle Macé
Elenco: Tahar Rahim, Adèle Exarchopoulos, Swann Arlaud, Guillaume Gouix, Karim Leklou
Nacionalidade e lançamento: França, 2015 (26 de maio de 2016 no Brasil)

Sinopse: na França, do final do século XIX, Jean se inscreve na polícia e tem como tarefa se infiltrar em um grupo de anarquistas.

Os Anarquistas

O movimento anarquista ganhou corpo no período da virada do século para o XX, apesar de ter sido iniciado na primeira metade do XIX. É neste contexto que temos o recorte deste longa.

Jean Albertini não tem uma vida fácil. Ele reclama que vive como um miserável e teve pouco contato com os pais. Todavia ele demonstra ser bem letrado e conhece os clássicos, como Bakhtin e Victor Hugo. Como ele demonstra ser de confiança e ser neutro politicamente, além de ter uma cara boa, é designado para a tarefa de agente duplo. Rapidamente ele apresenta desenvoltura e ganha prestígio dentre os novos camaradas.

Esse primeiro arco se dá com uma apresentação muito rápida. O que não é necessariamente ruim, mas senti falta de um melhor corpo para o personagem e o que o envolvia. Mas dos problemas de Os Anarquistas, esse é o menor.

Se a introdução foi ágil, a parte seguinte ficou um tanto morosa. A história não engrena. Pouco acontece que seja digno de nota. Os eventos são lineares e óbvios. Falta um grande problema a ser posto na mesa e resolvido. O longa volta a ganhar viço nos 25 minutos finais, mas, mesmo com o interesse retomado, perde-se em resoluções fáceis.

Os Anarquistas

O roteiro não ajuda muito, é verdade, mas o mesmo não pode ser dito dos demais elementos. A fotografia em um tom azul acinzentado, caindo bastante para um tom mais melancólico e sem vida. Podendo denotar um certo desnorteamento do protagonista e um certo conflito interno que ele vive.

Logo no começo vemos que os integrantes se tornaram anarquistas por amor. Esse viés perpassa muito mais a história do que o pensamento político. Até os envolvimentos de Jean ficam muito mais evidentes do que os embates da situação profissional.

O aspecto sentimental é também ressaltado pela direção. Esta usa de enquadramentos mais fechado como o primeiro plano e o plano detalhe. Há, também, o recurso da câmera na mão que persegue alguns personagens em momentos pontuais da trama na tentativa de nos colocar naquela ambientação. As atuações não são espetaculares, mas promovem empatia e são condizentes com o nível do resto do filme. Não sendo, portanto, um elemento desarticulador.

Os Anarquistas não chega a ser problemático, mas não empolga e nem é muito inventivo. Traz alguns elementos de forma simplificada demais. Pode servir como boa distração por duas horas, não sendo marcante. Como retrato político deixa a desejar, como história de amor se perde em meio a outras tantas.

 

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