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Crítica: Jogo do Dinheiro (2016)

Jogo do Dinheiro aborda alguns temas instigantes, mas o resultado não é muito satisfatório.

Ficha técnica:
Direção: Jodie Foster
Roteiro: Jamie Linden, Alan DiFiore, Jim Kouf
Elenco:  George Clooney, Julia Roberts,  Giancarlo Esposito, Jack O’Connell, Caitriona Balfe, Dominic West
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2016 (26 de maio de 2016 no Brasil).

Sinopse: Lee Gates é um âncora de um programa sobre o mercado financeiro. Dias após uma dica errada, o excêntrico apresentador é feito de refém ao vivo.

Jogo do Dinheiro

Jogo do Dinheiro tem bons elementos para dar certo. Em certa medida é bem sucedido, contudo passa raspando em todas as tentativas. O longa se pretende crítico ao sistema financeiro e tenso, dada a situação central. Coloca também em voga as questões midiáticas. O grande problema aqui é que ele não é preciso em nenhuma das vertentes.

Lee Gates (George Clooney) é um showman diante das câmeras – e por trás delas também. Extremamente performático ele tem um jeito bem peculiar de apresentar os programas e conduzir as informações sobre o mundo dos negócios. Além disso também trata os colegas com irreverência, às vezes com um tom discutível. Fato é: a presença dele não passa despercebida.

Após uma falha em um algoritmo, a Ibis Clear Capital tem uma queda abrupta nas ações levando o dinheiro de vários investidores para o ralo. Um dos que apostaram alto foi Kyle Budwell (Jack O’Connell). Indignado com a perda ele decide invadir o estúdio de Gates e responsabilizá-lo pelas informações que foram veiculadas no programa anteriormente.

A tensão criada pela situação de sequestro é amenizada por alívios cômicos, principalmente graças à figura de Clooney. Estes são muito engraçados, mas descaracterizam o foco principal. Decisão de Risco, por exemplo, estabelece um clima de suspense mais interessante.

Jogo do Dinheiro

O mercado capitalista é posto em cheque de várias formas. Todas, contudo, abordadas de forma superficial e boba até. O A Grande Aposta reúne todos esses elementos – humor, crítica e até tensão – de um forma muito criativa e convincente.

Outro fator que me tirou do filme foi a atuação da polícia. Os tiras estão ali como ornamentos e não como agentes de fato. O senso de urgência não fica patente. Tudo é simplificado demais. O excelente Giancarlo Esposito (o Gus Fring de Breaking Bad) faz o policial que comanda as operações e o ator praticamente não tem material trabalhar, sendo quase um figurante de luxo.

Aproveito para destacar o que, sem dúvidas, é a melhor coisa do longa. George Clooney e Julia Roberts dão um show como Lee Gates e Patty Fenn. As interpretações deles estão irrepreensíveis e sobem consideravelmente a nota do filme. Clooney mostra-se completamente à vontade e circula entre um humor fisicamente expressivo e tiradas rápidas e precisas, mostrando total controle em cena. É curioso lembrar que ele interpreta pela segunda vez este ano uma celebridade sequestrada (antes foi em Ave, César!). Julia Roberts faz a diretora do programa. Ela coordena tudo que ocorre no palco antes e durante a invasão, sendo a consciência do personagem de Clooney. Ela sim, ao contrário da atitude da polícia, mostra um ritmo mais acelerado e urgente às ações. A química entre eles é, mais uma vez, evidenciada.

Jogo-do-Dinheiro

Há algumas tramas paralelas que nunca chegam a interessar ou trazem uma abordagem situacional, apenas para tentar fazer a história fluir. Todo o arco com o membros da empresa é bem superficial e não entrega tudo que pode.

Infelizmente a notável Jodie Foster dirige Jogo do Dinheiro de uma maneira que cai em algumas armadilhas. Ela não encontra o tom certo e falta uma identidade ao longa. Esses são problemas que atrapalham o todo. A previsibilidade do enredo também deixa um gosto amargo.

Mesmo com todos os defeitos,  Jogo do Dinheiro de forma alguma é um filme ruim. Ele pode trazer 1h40 de entretenimento com um certo valor e atrair um bom público. Mas definitivamente não será um filme memorável. Se não fosse a dupla de progonistas se entregando nos respectivos papéis a coisa poderia ficar feia.

 

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