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Crítica: Pegando Fogo

Pegando Fogo é um filme que dá fome… muita fome…

Ficha Técnica: 
Direção: John Wells
Roteiro: Steven Knight e Michael Kalesniko
Elenco:  Bradley Cooper, Emma Thompson, Daniel Brühl, Uma Thurman
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2015 (10 de dezembro de 2015 no Brasil)

Sinopse: um chef de cozinha, o Adam Jones (Bradley Cooper), tenta recuperar o prestígio (juro que pensei em um trocadilho melhor com o bombom…) após ter arruinado a própria carreira. Ele reúne uma equipe para atingir o objetivo de conseguir três estrelas na avaliação dos críticos. Com um estilo incisivo e perfeccionista, Adam, conduz uma fervilhante cozinha. O longa foca relação dele com os companheiros e na pressão dos avaliadores, além de ter, como prato principal, os conflitos internos do protagonista. No fundo, pega-se carona aqui nos programas de culinária que tem feito sucesso nos EUA e no Brasil.

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Pegando Fogo teve cerca de 350 mil espectadores no Brasil, mas não foi muito comentado. Ele estreou uma semana antes de Star Wars – O Despertar da Força, ou seja, foi engolido nas bilheterias, salas exibidas e atenção do público. Mesmo não sendo uma obra prima é um filme despretensioso que entrega até coisas interessantes…. e que vão além do queridinho de muitos, o Bradley Cooper (apesar dele aparecer em quase 100% do tempo, como podem ver no trailer ao final deste texto).

O primeiro arco do longa é extremamente acelerado, com cortes bruscos e diálogos rápidos (porém alguns muito bons), o que prejudica um pouco a largada – ainda mais que alguns personagens apresentados são claramente apenas funcionais, servindo unicamente para compor a equipe do Adam (tem-se uma leve lembrança de 11 homens e um segredo ou qualquer outro onde há a reunião de uma equipe em prol de um objetivo).

A segunda parte, onde se desenvolve a história, é a melhor do filme. Ela mantém os bons diálogos da primeira e acrescenta alguns elementos instigantes: uma certa tensão e alguns conflitos entre todos os envolvidos. Além de trazer alguns outros personagens de uma forma mais contundente. Destaque para o ator Daniel Bruhl, no papel de Tony e para Emma Thompson, como a Dra Rosshilde. Há pelo menos três cenas muito bem feitas nessa parte da obra. Daquelas que sobre o nível do todo (se o filme fosse neste tom seria quase digno de Oscar, exagerando um pouquinho…).

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Porém os bons resultado obtidos se esvaem no ato final da trama. Os problemas da terceira parte, que em certa medida permeiam o filme todo, recaem principalmente na direção e montagem das cenas. O diretor é o John Wells, que tem mais trabalhos em séries de TV. Existem algumas falhas nesses aspectos. Deixando um gosto amargo quando pensamos no material desperdiçado. O roteiro é clichê, mas tem excelentes diálogos e algumas saídas interessantes, perdendo muita força devido à forma como foi contado.

A atuação do Bradley Cooper foi boa, melhor do que em Sniper Americano (filme que ele recebeu, injustamente, indicação ao Oscar), conseguindo passar três sentimentos ao longo da história: arrogância, perturbação e ternura (Em Sniper ele faz muito bem uma coisa só…ah, e muito, mas muito melhor que em Joy – o nome do sucesso, onde ele faz praticamente só uma ponta). Como falei o destaque na atuação vai para o Daniel Bruhl (com uma interpretação segura e serena. Quando ele está em cena o filme ganha muito) e para a Emma Thompson, que no pouco tempo de tela que ela tem, marca presença de modo convincente em diálogos importantes. Os demais secundários estão sem grande desenvolvimento ou não têm brilho.

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Há alguns pontos que ficam implícitos ou simplesmente não são explicados que, no meu entender, deixam o filme melhor. Tem uma citação boa à Star Wars (um tanto irônica a referência pelo motivo falei no início). A trilha sonora, com exceção da parte final, é bem marcante. A fotografia é leve, mas expressiva, usando a cor branca de forma predominante.

Pegando Fogo é, em certa medida, mais do mesmo e com um final que decepciona um pouco (muito devido à boa parte anterior), mas recheado com diálogos ótimos (quase 100%). Filme divertido, com pitadas de tensão e um certo mistério sobre o que vai acontecer com o nosso (anti)heroi. O ritmo quando acalma se torna bem mais interessante.

Há um problema nas legendas: como falei é muito utilizado a cor branca, ou seja, em boa parte do filme as legendas ficam ilegíveis. Então, pela primeira vez, para quem não entende inglês, recomendo a versão dublada para evitar esse pequeno transtorno. Filme leve, com um nível agradável de entretenimento, mas que falta um certo tempero.

PS: se a função do filme era dar fome… então tira um 10…. se assistirem antes do jantar certeza que irão querer ir para um rodízio logo em seguida…

 

https://www.youtube.com/watch?v=vRRV_99s8n4

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