"Love" - (2015) - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
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“Love” – (2015)

Love: é amor, é paixão, é carne, é delírio, é êxtase, é reputação, é sensorial, é tesão, é sexo, é traição, é conflito, é gozo. Adjetivos tantos que não conseguem descrever ou delinear o que Gaspar Noé em seu filme destrinchou com tanta delicadeza e força.

Seus filmes não são comuns, já que é o diferente e a estranheza que o fazem procurar outros caminhos, ou ao mesmo tempo, são seus objetivos de linha de chegada ou de procura; tanto são, que quando vemos outros de seus trabalhos como Irreversível Enter The Void nos chocamos com algo que não esperávamos ou que não estaríamos preparados para tal, contudo, a experiência vivida é de imensa lucidez. Neste caso, isto é, acerca de Love, o que presenciamos é uma história de amor entre um homem e uma mulher que se encontraram num parque por via do destino. Embora ser usual um roteiro sobre amor, na narrativa que Noé propõe, no entanto, não vemos nada muito pop ou uma trilha que sublinhe o tema e pelo contrário, é de arrepiar o inesperado, o quanto o sexo pode desestruturar como também ser um desconforto.

Sexo e amor estão juntos, é uma comunhão, são amigos, parceiros, são apaixonados um pelo outro. É habitual o ato sexual e explícito ser visto como algo anormal, como uma perversão, porém num quarto fechado e com privacidade, tudo acontece e é permitido. Difícil entender tal dilema. As cenas sexuais do filme são pura verdade, pura delicadeza, puras enfim. Não vemos atores encenando um sexo – por isso muitos podem dizer que então não se tem arte – mas a vida não é uma arte? É um prazer extenso e extendido; é um ápice de beijos, de olhares, de tesão por parte dos personagens. Noé poderia talvez eliminar tais cenas e contar a mesma história? Acredito que sim! Poderíamos ver e presenciar o que fora dito sem sexo algum, sem beijo algum, sem toque algum, mas definitivamente não seria o mesmo filme e principalmente não seria um filme de Gaspar Noé.

É natural fazermos sexo, é humano, é tangível, é bom, faz bem. É possível, após um tempo, se acostumar com as cenas propostas pelo diretor, já que para muitas pessoas o sexo é um tabu, e quando explícito na tela tudo fica diferente, mesmo por que não temos uma cena, temos várias e de distintas formas e jeitos. Quando vi Love no cinema foi uma experiência interessante; era possível ver o incômodo de algumas pessoas que se remexiam nas poltronas, assim como botavam as mãos na frente dos olhos para não ver Electra (Aomi Muyock) masturbando Murphy (Karl Glusman) até ele gozar. Realmente é uma cena difícil de se ver numa tela de cinema, ainda mais num filme não rotulado como pornô, entretanto foi o que Noé fez neste filme.

Por ser algo inovador e diferente, vale a pena.

 

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