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Crítica: 45 Anos

Com indicação ao Oscar de Melhor Atriz para Charlotte Rampling 45 anos deve ser visto por mais gente no Brasil (o filme, que estreou no último trimestre de 2015,  teve por volta de 30 mil bilhetes vendidos nas 3 semanas que ficou em cartaz). Tive o prazer de ser uma dessas pessoas. Mas será que a indicação foi justa? E o que mais o filme nos traz?

Somos apresentados à vida de um casal, Kate Mercer (Charlotte Rampling) e Geoff Mercer (Tom Courtenay), que está prestes a comemorar 45 anos de casados. Logo no começo o marido descobre que encontraram intacto o corpo da primeira namorada que ele teve (ela morreu congelada há 50 anos). Ele fica bastante inquieto com a notícia e começa a agir de maneira estranha. Enquanto Kate se preocupa com os preparativos para a festa. A trama se desenvolve a partir desse conflito. É mostrando o dia a dia do casal com cenas de rotina (de um casal de idosos) e com passagens permeadas pelos dois eventos: a “volta” da ex e a proximidade da festa.


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O filme é dirigido por Andrew Haigh. Ele utiliza, em parte da obra, a câmera focada na Kate, mesmo quando o Geoff está em cena, ressalta o estado de solidão que se instaura na personagem. Temos aqui atuações muito firmes que carregam o longa de forma bem sólida. Os dois protagonistas, em muitos momentos só a Charlotte, em tela. Mérito para o roteiro, atuação e direção que conseguiram sustentar essa opção).

A trilha sonora diegética muito bem explorada durante vários momentos, compondo bem o cenário audiovisual. A música aqui não é só plano de fundo, mas parte integrante da história do par principal. Para quem reconhecer a trilha e tiver facilidade com o idioma original terá um complemento importante na narrativa.

 


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Existem
constantemente cenas longas e paradas, sendo cansativas para muitos (logo no começo tem uma dela bebendo um copo d’água que pode fazer alguns se incomodarem), mas o filme, ainda assim, flui muito bem ao longo de 1h30. Mesmo comprando a ideia do filme (evidenciar que o ritmo frenético da nossa juventude é bem diferente de um casal naquela idade), tem-se a sensação de algumas gorduras. Se fosse um filme com mais tempo talvez fosse um problema.


Há uma analogia entre o corpo congelado da ex-namorada e o marido ter congelado no tempo que é bem desenvolvido na trama. As passagens na biblioteca, antigo emprego e relação com os amigos e política retratam bem a referida metáfora.

E o final de 45 anos é simplesmente apoteótico: com ambos os atores brilhando em um desfecho que usa tudo de bom que foi trazido anteriormente e ainda acrescenta elementos novos. Vale muito, sim, Oscar de melhor atriz aqui. Torço por ela, mas a Cate Blanchett (em Carol) vem como favorita.

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