Trash Freak #8: Barbarella, o clássico nonsense dos anos 60 que imortalizou Jane Fonda como sex symbol - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
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Trash Freak #8: Barbarella, o clássico nonsense dos anos 60 que imortalizou Jane Fonda como sex symbol

Alguns consideram um dos piores filmes da história. Para outros é uma obra muito além de seu tempo. Há quem ache uma película com moral feminista, como também existe uma parcela que o veja como uma espécie de pornô soft altamente psicodélico. Por conta de seus cenários e efeitos especiais bizarros, para os amantes do Trash esse é um filme muito especial… Estamos falando de Barbarella, um filme que quase cinquenta anos após seu lançamento ainda provoca paixões, críticas e muita discussão em rodas de cinéfilos.

A película é uma adaptação europeia da série de quadrinhos Barbarella, criada por Jean-Claude Forest, que nos anos 60 chocou a sociedade francesa, mostrando uma agente espacial futurística, (a história se passa no século 40. D.C.) que usa seus atributos físicos, muita sedução e seus vários dotes sexuais para proteger o planeta terra e todo o universo de inimigos alienígenas.

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E assim meio Flash Gordon, meio James Bond e um quê de “Emmanuelle”, os quadrinhos protagonizados por Barbarella chegaram a ser proibidos na França e a personagem se converteu numa espécie de ícone da revolução sexual/cultural dos anos 60. O sucesso da personagem foi tão estrondoso em sua época que Barbarella foi a primeira personagem feminina do mundo dos quadrinhos a ganhar uma adaptação cinematográfica.

O filme começa com uma cena que ficou imortalizada na história do cinema e no imaginário de muito marmanjo do final dos anos sessenta e adjacências. A, então desconhecida, Jane Fonda, que interpreta Barbarella, se despe dentro de sua nave em gravidade zero quando recebe uma videochamada do Presidente do planeta Terra. Nua mesmo, (O século 40 é bem liberal vai ser comum as pessoas receberem os outros pelados) Barbarella recebe uma missão secreta: Ela precisa ir ao longínquo planeta Tau-Ceti atrás de um vilão humano chamado Dr. Duran Duran que planeja acabar com a paz do universo com uma arma chamada raio positrônico.

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A partir desse instante, o filme abraça a trasheira de uma vez graças a um roteiro totalmente confuso com diálogos e performances dignas das pornochanchadas brasileiras. A visão do espaço da produção do filme é trágica: os efeitos especiais (basicamente gelo seco, plástico e papel-celofane) dão vergonha alheia quando a gente compara com ‘2001, uma odisseia no espaço’ de Kubrick, também lançado em 1968. Algumas cenas são totalmente desnecessárias e acabam se justificando apenas para exibir o lindo corpo da atriz Jane Fonda.

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Porém nem tudo é lixo não, hein!!! Quem assistir ao filme dirigido pelo francês Roger Vadin vai descobrir algumas coisas legais e elementos bem característicos de sua filmografia, como a crítica ao conservadorismo da sociedade em relação aos prazeres sexuais, que é o ponto forte do filme. Barbarella tem cenas, poucas é verdade, bem engraçadas e que lembram o Monty Phyton nos seus áureos dias. Algumas referências biblicas bem inteligentes aliadas a uma infuência clara do psicodelismo da época fazem de Barbarella uma obra única. No quesito sensualidade, a performance de Fonda é um capítulo a parte digno de uma Marilin Monroe, Brigitte Bardot ou Sharon Stone e revela um pouco do talento de uma das maiores atrizes da história do cinema que foi muito além da sensualidade em sua carreira.

Ainda com virtudes, Barbarella é muito trash e por isso foi defenestrado pela grande mídia. Seu reconhecimento só veio com um certo tempo quando acabou recebendo um Status de Cool Cult. Mas, esse rotulo se justifica? Mesmo de gosto tão duvidoso, há um porquê de Barbarella ser um filme tão amado não só pela comunidade que curte trash, mas por todos os cinéfilos em geral? A resposta é sim. Barbarella é uma pequena síntese da loucura que foi os anos sessenta no mundo. Uma época confusa, altamente psicodélica, de descobrimentos espaciais e revoluções sexuais.

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