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Crítica: Tempo de Despertar

Navegando pelo Netflix, encontrei um filme que parecia interessante, e contava com Robin Williams e Robert De Niro no elenco. “Tempo de Despertar” (Awakenings, 1990) relata a história verídica do neurologista Oliver Sacks, no filme chamado de Malcom Sayer e protagonizado por Williams. O filme foi baseado em um livro publicado por Sacks em 1973.

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No final da década de 60, Dr. Sayer aceitou o emprego de médico neurologista em um hospital psiquiátrico de Nova York, embora fosse apaixonado pela pesquisa acadêmica. No hospital ele encontra diversos pacientes em estado catatônico, ou seja, que permanecem em posição imóvel. Através de muitas pesquisas sobre o assunto, ele chega à conclusão de que esses pacientes sofrem de uma doença chamada encefalite letárgica, e suas causas não são conhecidas. Então, Sayer desconfia que um medicamento chamado L-DOPA (muito utilizado em pacientes com Parkinson para aumentar a disponibilidade de dopamina no sistema nervoso central) possa “acordar” esses pacientes.

Robert De Niro interpreta Leonard Lowe, o primeiro paciente a ser “acordado” pelo medicamento, após décadas de imobilidade. O medicamento funciona com sucesso, e Sayer passa a administrá-lo nos outros pacientes. Porém, ele não contava com os efeitos colaterais que apareceriam mais tarde.

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“Tempo de Despertar” foi indicado em 1991 ao Oscar de Melhor Filme, Melhor Ator (Robert De Niro) e Melhor Roteiro Adaptado, embora não tenha levado nenhum dos prêmios (“Dança com Lobos” venceu o Oscar de Melhor Filme nesse ano). A direção ficou por conta de Penny Marshall (“Quero Ser Grande”, 1988). Robin Williams arrasou na atuação, como sempre, mas quem leva o grande mérito do filme é De Niro. A imobilidade e principalmente o olhar vazio do personagem são totalmente convincentes, e as cenas com os tremores são fantásticas. Imagino o quanto De Niro deve ter trabalhado nesse personagem para transmitir todos os efeitos colaterais sofridos pelo paciente.

AWAKENINGS, Robin Williams, 1990, (c) Columbia

AWAKENINGS, Robin Williams, 1990, (c) Columbia

O filme é recheado de reflexões sobre a vida. Por ficarem décadas “adormecidos”, ao acordarem os pacientes revelam grande consideração pela vida e pelo tempo que lhes é oferecido. Há uma forte mensagem de carpe diem subentendida nesses momentos. Além disso, a compaixão e a sede de mudança que rodeiam Dr. Sayer mexem com os sentimentos dos espectadores. Por ser um cientista ardoroso, Sayer nunca está satisfeito com seus resultados e deixa seu perfeccionismo bastante evidente. Ele não descansa sua mente, e suas pesquisas são intermináveis. E tudo isso ocorreu em uma época onde o acesso à literatura científica não era tão fácil como hoje. Admiro muito o trabalho dele.

Para finalizar, estamos diante de um ótimo filme. Atuações incríveis e uma história tocante, que acaba por nos trazer uma lição de vida.

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