Barbie, 2011
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Barbie, 2011

Mais um incrível representante do cinema Sul Coreano, antes de tentar escrever sobre, gostaria de mencionar o que me levou a querer assistir: Sae-ron Kim. Ela é uma menininha, uma das mais talentosas do cinema asiático, ao lado da Kokone Hamada. Kim fez “Uma Vida Nova em Folha” e o “O Homem de Lugar Nenhum”, belos exemplos de obras sensíveis ao extremo, não sei o que essa garota tem, mas é ela aparecer que eu me emociono.

“Barbie” nos traz a história de Soon-Young, interpretada pela Sae-ron Kim, que representa quase que uma mãe, em sua família, ao lado de seu pai que tem um problema mental e sua irmã debilitada. Ela se revela extremamente responsável, preocupada e carinhosa. Sua irmã, ao contrário, é um tanto arrogante, sonha em ter uma vida diferente, aproximando-se do consumismo, até porque a garotinha é fascinada pelos Estados Unidos. Um dia aparece um americano na cidade dessa família na Coréia, ele veio com a sua filha, Barbie, para fazer negócio com o tio dessas garotas, o negócio em questão é que o americano quer “adotar” a Soon-Young, deixando a sua irmã mais nova com um intenso ciúme. O ponto alto do filme é que esse americano tem segundas intenções com a menina.

A cena inicial acontece em um aeroporto, temos em destaque a mochila da filha do tal americano, uma mochila, ironicamente, da Barbie, o filme começa e fecha com ela, representando o consumismo, o padrão, não só de beleza, mas o significado de ser criança, coisa que a menina coreana não conseguia ser, pois enfrenta as dificuldades e lida com a mesma com muita maturidade. A possibilidade de ir ao país dos sonhos, os EUA, não mexe nem um pouco com ela, se trata realmente de uma menina sábia, centrada, que se preocupa com a situação do pai e da irmãzinha. Sua irmã, representando a maioria, se vislumbra com a possibilidade de ser inundada por brinquedos e coisas caras, é um sonho real para uma realidade bruta. A arrogância, nesse caso, é deixada de lado, o espectador entende desde o início que se trata de um sonho. No mesmo tempo que justamente tal sonho dá espaço para a inocência falar mais alto e, em meio a interesses dos grandes, representado pelos estrangeiros, as meninas se vêem em uma estrada sem saída, principalmente a menor, que troca de lugar com a irmã e está prestes a ir para os EUA.

O filme poderia ser até mais impactante, se não fosse a qualidade quase que feito para a TV, mas ainda assim nos apresenta momentos interessantes, com a relação das meninas com o pai doente mental, ou até mesmo a amizade que cresce entre a Soon-Young e Barbie, a menina americana, percebemos que a linguagem é algo extremamente complicado entre elas, mas essa barreira é superada em diversos momentos, pois a compreensão cresce monstruosamente, de forma mútua. Barbie é uma garota que faz o tipo de americana perfeita, bonitinha, rica, poderia ser até vazia, mas entende que sua nova amiga não tem as mesmas oportunidades que ela, e é realmente interessante ver essa relação de diferenças.

O tio faz a figura da maldade, pretende vender uma das sobrinhas, tenta estuprar a maior, dando-lhe algum dinheiro, mas o pai delas, mesmo que extremamente debilitado, o enfrenta em diversos momentos, mostrando que entende o que se passa, mesmo que seja apenas em base ao amor. Relacionado a isso, inclusive, temos uma cena belíssima das meninas brincando e dançando com o pai, o único momento que essa família está completa e realmente feliz, é de partir o coração.

Se não fosse pela falta de talento dos dois atores americanos, o filme certamente teria mais credibilidade, mas ainda assim é profundo, principalmente quando Sae-ron Kim está em cena, a menina realmente é fascinante, no final a amizade consegue, pela sua verdade, ultrapassar os limites da comunicação e, aliado a isso, temos um vazio pelo que acontece, não seria um final perfeito, mas perfeito em base ao seu senso de realismo. Alguns terrores realmente acontecem, e isso é assustador.

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