TIM-TIM: 2015 e a Polêmica da Cinebiografia à moda global.
Artigo

TIM-TIM: 2015 e a Polêmica da Cinebiografia à moda global.

Dos meses más tarde…

Sabáticos! (SEM e COM na mesma proporção siamesa).

Escrever, griphar e verborragindo no silêncio de cada grito. Dois meses de ócio é uma penitência filha da puta para qualquer signo. Dois meses dedicados ao lançamento do meu primeiro livro, “Griphos Meus: Cinema, Literatura, Música, Política & outros Gozos Crônicos” é um gozo pleno!

Volto ao Cinem (AÇÃO) com o “Caso Tim Maia na Globo” – para os programas policialescos -, e a “Polêmica da Biografia Cinematográfica do Síndico” – para as revistas e blogs especializados.

O debate do fato em questão não é assim tão óbvio e superficial como pode parecer, e alguns fazem questão de tratá-lo.

A manobra televisiva é previsível, mas revela até que ponto o poder de um veículo de comunicação de massa pode exercer no conteúdo que ela produz e financia (distribui, escala seus galãs, faz crossmedia nos programas de auditório e encontros da vida…).

O ponto de partida é a máxima do “gato por lebre”. Há sempre quem compra e quem vende. E nós telespectadores somos o público alvo principal para receber na goela – e sem vaselina – a mercadoria avariada.

Sim, porque pegar um filme recém-lançado e a partir dele acrescentar depoimentos atuais de cantores, cenas raras de shows, imagens raras de arquivos e transformá-lo em um docudrama em dois dias, é vender o “INÉDITO” pelo já visto.

A cinebiografia – gênero que em seu estado bruto corre risco eminente de cair no câncer do tendenciosismo – quando vai pra TV como “presente” de Bodas de Ouro o risco vira realidade.

Eis que já no primeiro capítulo (ou seria parte, ou seria no DVD número dois…?). Enfim… a Rede Globo “faz o Vaticano” e canoniza o “Ray”, vulgo Roberto Carlos. O desprezo e a humilhação imperial dão lugar ao apadrinhamento camarada (e póstumo).

Nem o livro (“Tim Maia – Vale Tudo” de Nelson Motta, matéria-prima do produto audiovisual em questão) é levada em conta. Mas aí, o próprio jornalista tratou de contradizer as suas palavras escritas pelas ao vento.

O assusto se espalha como pólvora entre os principais colunistas de TV (Maurício Stycer – UOL, Paulo Pacheco – Notícias da TV, Patrícia Villalba – Veja, Fernanda Reis – Folha), bomba no Twitter, resulta em milhares de compartilhamentos no Face…

E eu fiquei a me perguntar: Como o diretor do filme consegue assistir o esquartejamento do seu filho com parcimônia?

No dia seguinte (não me lembro com muita precisão), vejo que Mauro Lima – o diretor – publicou em seu Instagram uma mensagem em que pede aos seus fãs para não assistirem a versão global (“Tim Maia – Vale o que vier”) do seu filme.

Ele escreveu: “Aos seguidores que não viram ‘Tim Maia’ no cinema sugiro que não assistam essa versão que vai ao ar hoje e amanhã na Globo. Trata-se de um subproduto que não escrevi daquele modo, nem dirigi ou editei”.

Eis que não vejo um tuite do grande e lúcido José de Abreu, questionando que se a Globo mexeu é porque autorizaram.

Pois é, o cineasta liberou tal intervenção, sabe-se lá por quais motivos – que não irei aqui julgar, e a Vênus Platinada “recriou” a obra original (?).

As declarações viraram manchete, que viraram novas declarações…

Ontem – sem lapsos de memória porque ainda está fresco – leio no blog do Mauricio Stycer que: “Diretor de ‘Tim Maia’ diz que não quis ‘atacar’ o trabalho da Globo”.

A retratação do cineasta, tão previsível quanto a desconstrução da emissora, só não se permite ser levada a sério por seus argumentos e contradições.

“Seria a contradição o mal da humanidade e a profecia de Cazuza?”.

Tuas ideias não correspondem aos fatos…

O subproduto virou um derivado que se der boa audiência (R$) é benéfico para ele (e para o CNPJ); o que era o “um director´s non cut” agora valoriza o produto anterior.

O fato é que como mesmo disse, ele vendeu os direitos de exibição na íntegra para a Globo, e sabia que iam mexer na narrativa.

Foi uma oferta muito boa. Ele não conseguiu recusar e quem somos nós para julgar…

Moral da história:

O post dele foi para os poucos seguidores que tem no Instagram e não para o público da Globo. Of course! Sem o numeroso público da Globo a “nova versão de Tim” não daria boa audiência, não seria benéfica para ele e não bancaria a boa proposta que a Globo o fez para poder servir o prato ao seu gosto e a de vossa majestade, claro!

E a culpa? Dessa vez não é do PT ou do Zé, é do jornalista desocupado que roubou a postagem e fez gracinha de tornar polêmica contra a Globo. Pobre jornalista!

Ai, ai… A inversão de valores do nosso Brasil não tem fim.

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