Cinem(ação) | Pastelões que Amamos #2: As Bem-armadas
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Pastelões que Amamos #2: As Bem-armadas

“As bem-armadas”, The Heat como título original, é o filme de estreia da roteirista Katie Dippold. E já começo dizendo que ela o fez com o pé direito. O longa conta a história da arrogante Sarah Ashburn (Sandra Bullock), agente especial do FBI, que se vê obrigada a trabalhar em conjunto com uma detetive local, Shannon Mullins (Melissa McCarthy), que não é muito fácil de lidar (pra ser gentil). E juntas, precisam deter o chefão do tráfico de drogas em Boston.

Antes de tudo, precisamos falar da genialidade da atuação de Bullock e McCarthy. Elas não só pegam o roteiro e o reproduzem, mas o transmitem com a intensidade que as personagens exigem. E como parceiras em cena têm uma química inacreditável. É possível acompanhar o desenvolvimento do envolvimento das protagonistas desde uma implicância inata até se considerarem irmãs no fim do filme. E como toque especial, a comédia da película não está só nas situações e na história mas nos trejeitos das principais, que por mais que sejam um pouco estereotipados, nos ajudam a reconhecer a personalidade levada ao extremo de cada uma delas.

    

A história é previsível: tudo dá certo, as que se odiavam agora se amam, o bandido é preso. Fim. Porém, o interessante é como ela se desenrola e nos faz rir sem parar. Em algumas críticas anteriores eu falei sobre risadas leves e filmes para levantar um pouco o astral. Esqueçam! Neste filme as risadas e gargalhadas estão presentes do começo ao fim do filme, até na cena pós-crédito. Não assistam esse filme comendo pipoca ou qualquer outra coisa, pois há um sério risco de se engasgar. O filme leva situações ao extremo, abusa do palavreado obsceno, é recheado de referências internas e isso combinado à atuação citada acima se torna uma ótima escolha para a próxima sessão de cinema com os amigos.

    

Um ponto que vale se ressaltar é a maneira que o contexto Girl’s Power é tratado no filme. As duas, literalmente, botam para quebrar ao decorrer do filme e ao mesmo tempo não precisam jogar na cara de ninguém o discurso de “Somos mulheres, mas mesmo assim somos policiais f#das”. Aliás, o gênero nem é uma questão no filme, só é citado quando o agente da narcóticos albino as diminuem só por serem mulheres e acaba sendo acusado de machista pelo resto do filme e inclusive leva um tiro na testa por isso. O interessante do filme é justamente isso: não é sobre policiais mulheres que botam pra quebrar, é sobre policiais que botam pra quebrar.

    

Um dos meus receios ao ler a sinopse, ou até mesmo só ver o pôster, era que o filme caísse no estereótipo de colocar a magra como a gostosona e a gorda como melhor amiga. E o admirável é que acontece justamente o contrário. Enquanto Bullock só é apresentada como a gostosona em uma cena do filme em um contexto bem especifico (conseguir grampear um telefone), McCarthy é uma predadora! Homens apaixonados aparecem na rua procurando por ela e ela mantem o mesmo discurso: “Você não pode dormir uma vez com um cara que ele já quer casar!”. Achei muito digno e se encaixou muito bem na protagonista.

Só a questão de gênero daria um texto por si só, mas acho muito importante citar também o teste de Bechdel. Para quem não conhece, em poucas grosseiras palavras, é um breve teste para saber se um filme não se resume a homens. O teste não quer dizer se o filme é bom ou não, se é feminista ou não, mas serve como uma espécie de bússola para se ver onde e como as mulheres aparecem no audiovisual.  E o longa passa lindamente e com louvor no teste.

Mudando de assunto, vamos falar da trilha sonora rapidamente. Eu só não dou nota dez porque não sou muito fã do gênero musical escolhido, mas acrescentou, e muito, para o filme. Eu indicaria ter a trilha sonora oficial na playlist de corrida ou da academia. Ou só para festejar e beber até cair mesmo.

   

   

Concluindo, tá pensando em ver um filme de comédia? Veja este. Ainda não viu os outros da sua lista? Coloca “As Bem-armadas” na frente que você não irá se arrepender. A parte da pipoca era brincadeira, pode comer, mas com cuidado. E assiste logo para recuperar o folego para a sequência, já anunciada. E que promete ser bem mais engraçada.

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