Crítica: As Tartarugas Ninja
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Crítica: As Tartarugas Ninja

AsTartarugasNinja_poster_brasileiro_cartazSeria muita ingenuidade achar que um filme das Tartarugas Ninja traria questionamentos profundos ou técnicas narrativas avançadas ao público. Ninguém espera que “As Tartarugas Ninja” seja algo mais do que apenas diversão e pretexto para vender mais bonecos nas lojas de brinquedos. O produtor Michael Bay é craque em fazer isso e conquistar audiências astronômicas com seus filmes caça-níqueis.

O que difere o projeto das Tartarugas dos recentes Transformers é que, neste caso, temos personagens mais carismáticos e um diretor menos misógino e menos limitado tematicamente. Não que o diretor Jonathan Liebesman (Fúria de Titãs 2) seja algum tipo de gênio, mas ao menos sabe que o público quer se divertir despretensiosamente.

Em “As Tartarugas Ninja”, vemos um prelúdio “pomposo” explicando o surgimento de seres “incríveis” capazes de proteger a cidade do mal. Então, vemos uma Megan Fox esforçada para viver sua repórter April O’Neil, uma mulher bonita que tenta ser mais valorizada, não aceitando sua condição de repórter de matérias leves.

Aos poucos, o espectador descobre quem realmente são as tartarugas mutantes Leonardo, Raphael, Michelangelo e Donatello, chefiadas pelo Mestre Splinter. Temos, então, um dos pontos mais altos do filme: a caracterização das Tartarugas e do rato gigante é bem elaborada. Ao contrário dos seres feitos de borracha nos filmes antigos da trupe (todos iguais fisicamente), aqui podemos ver que cada uma delas tem um estilo diferente, expressões específicas e características únicas. Mestre Splinter, além de tudo, soa como um ser bastante nojento, o que é esperado em um rato de tamanho humano. Embora a tecnologia de captura de movimento esteja longe do que foi feito em “Planeta dos Macacos: O Confronto“, a Industrial Light and Magic conseguiu utilizar bem as expressões dos atores para criar heróis bastante convincentes em seus universos. Embora o filme trate de lembrar da beleza de Megan Fox a todo instante (algo que desvaloriza seu trabalho que, mesmo sem grande impacto, não é nenhuma tragédia), Liebesman não sexualiza a personagem como Michael Bay não hesitaria em fazer, conforme pudemos ver em seus trabalhos anteriores de direção.

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No entanto, o filme está cheio de falhas. Mesmo com referências a super-heróis de forma a soar como uma espécie de sátira destes tipos de filmes e quadrinhos (respeitando algumas ideias das HQs originais dos quelônios mais famosos do mundo – satirizar estas produções), o longa está cheio de elementos que nos afastam da trama. Não apenas as inserções de merchandising são invasivas e repetitivas, como o filme tem cenários inteiros em computação gráfica repleta de falhas, além de uma “descida do penhasco” absurdamente longa e com o único pretexto de criar ação desenfreada. Como se tudo isso não bastasse, o longa presume a total incapacidade de interpretação do espectador: além de prolixo e repetitivo, preocupado em explicar diversas vezes sobre o passado de April, a formação das tartarugas e suas origens, o longa ainda se abre a diálogos desnecessários e até mesmo embaraçosos, como o “desabafo” de Leonardo e a explicação sobre o “momento certo de subir à superfície” por Mestre Splinter, mesmo que seguido de uma piadinha com o famoso “mind-blowing”.

Ainda assim, “As Tartarugas Ninja” funciona como filme-pipoca, cuja interação entre os personagens-título é o ponto alto. Vale destacar, também, que ao contrário da confusão de imagens nas batalhas dos Transformers, as lutas do filme são fáceis de compreender e ganham uma boa qualidade de luz (mesmo quando ocorrem no esgoto), graças ao trabalho do sempre excelente (e brasileiro) Lula Carvalho como diretor de fotografia.

E como sempre, Michelangelo é o mais legal de todos.

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