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Crítica: O Homem de Aço

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“Ele será um exilado. Eles vão matá-lo”, diz Lara, mãe do então recém-nascido Kal-El. Como resposta, o pai Jor-El afirma: “Como? Ele será um deus para eles”.

Este diálogo, logo nos primeiros minutos do filme “O Homem de Aço”, é um dos paralelos existentes entre o personagem título e Jesus Cristo. Outro bastante visível é a sua idade.

A nova versão que conta a história do super herói mais famoso do mundo tem diversos elementos interessantes, embora haja falhas que fazem do filme um pouco menos do que poderia. Primeiramente, no entanto, é preciso esclarecer algo muito importante: o roteiro e a ambientação do filme o fazem tão diferente da adaptação de 1978, eternizada com a imagem de Christopher Reeve, que qualquer comparação se faz desnecessária (ao contrário de “Superman – O Retorno”, de 2006, que se apresentava como uma continuação do clássico).

Man of SteelDirigido por Zack Snyder, “O Homem de Aço” se preocupa em mostrar o planeta Kripton pouco antes de sua destruição, detalhando a maneira como o bebê Kal-El veio parar na Terra, preocupando-se em dar explicações sobre como o planeta foi encontrado e porque o jovem, agora chamado Clark Kent, consegue adquirir fortes poderes. Mais do que realista a ponto de manter a mesma aura do universo criado por Christopher Nolan para a trilogia do Batman, “O Homem de Aço” é também econômico em sua narrativa, chegando até mesmo a exageros ao poupar tanto tempo.

O filme parte do pressuposto de que todos conhecem a famosa história do jovem Clark Kent que, ensinado pelos pais adotivos a ser um bom homem, descobre vir de outro planeta ao mesmo tempo em que precisa lidar com sua força excessiva. Tudo passa tão rápido que por muito pouco o filme não se torna inverossímil: sobra pouco tempo para o espectador se aproximar devidamente dos personagens principais ou compreender realmente os sentimentos entre Clark e Lois Lane na primeira metade da projeção.

Um dos maiores focos do roteiro do filme está em um elemento que se torna uma de suas maiores falhas: o vilão. Não somente pela atuação calcada em excessos de Michael Shannon como o General Zod, mas principalmente pelo roteiro, o vilão do filme é pouco tridimensional e por pouco não se torna um personagem quase caricatural – o que o salva disso é uma informação importante sobre sua “natureza”, dada no final do terceiro ato, como um gol aos 45 minutos do segundo tempo.

ohomemdeaco_3_zodMesmo com um roteiro apressado, Zack Snyder consegue extrair atuações muito eficientes de boa parte dos atores. Se Amy Adams e Diane Lane surgem como personagens femininas fortes em atuações seguras, Henry Cavill confere a seu Kal-El uma carga dramática importante para o que o filme se propõe a questionar, mesmo que não seja uma atuação grandiosa. Se Russell Crowe não faz mais que sua obrigação ao impostar sua voz como o pai biológico do herói, Kevin Costner consegue transmitir todo o sentimento de amor por seu filho nas cenas de flashback.

ohomemdeaco_2“O Homem de Aço” não é um filme para os fãs de quadrinhos. As mudanças são muitas, tanto em pequenos detalhes como a cor dos cabelos de Lois Lane, quanto na ordem de alguns acontecimentos. A chegada de Clark à redação do Planeta Diário e o conhecimento da jornalista sobre sua identidade se dão de forma diferente do que o público está acostumado, sem contar a visão mais fragilizada do herói.

Como não se brinca com pressentimento de mãe, Lara estava certa ao dizer “Ele será um exilado”. Vestir-se como uma pessoa comum é uma forma de exílio. E o disfarce de Kal-El em Clark Kent funciona como um limite muito tênue entre o universo realista proposto pela DC e o elemento que faltava no imaginário do espectador para entender o que acabou de assistir: trata-se, afinal de contas, do bom e velho Superman.

Nota: 04 Claquetes

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