Para (não) assistir dublado - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
Cinema Mundial

Para (não) assistir dublado

*também publicado no portal Itunotícias

A discussão entre assistir filme dublado ou legendado ainda vai durar muito tempo. Enquanto a maioria da população brasileira prefere assistir a um filme com o áudio adaptado para sua língua, muitos não só criticam a dublagem, considerando-a maléfica ao cinema, como também condenam a falta de opção nas salas de cinemas e canais de TV por assinatura.

Mesmo que aceitemos (hipoteticamente) o fato de que a dublagem não tira o trabalho do ator e nem modifica a obra original, há alguns filmes absolutamente impossíveis de assistirmos dublados. Ou seja, a versão dublada de alguns filmes faz com que o espectador perca ainda mais elementos do que já perde naturalmente. Na contramão, temos filmes cuja dublagem funciona como um charme a mais. Veja as listas abaixo:

Cinco filmes que nunca deveriam ser vistos em versão dublada.

Simplesmente Amor: Além de ser uma típica comédia inglesa, Simplesmente Amor contém diversos elementos que se perdem durante a dublagem. O personagem Colin, garçom engraçado que quer ir aos Estados Unidos, faz referência ao seu sotaque britânico e mais tarde cria comparações entre pronúncia britânica e americana de algumas palavras, o que na versão dublada simplesmente não tem graça. Como se não bastasse, o personagem de Rodrigo Santoro não foi dublado por ele mesmo, o que causa estranhamento a qualquer brasileiro. A pior situação fica para a presença da atriz portuguesa Lúcia Moniz, que vive momentos cômicos e sensíveis com um Colin Firth que confunde línguas latinas. Na versão dublada, a personagem foi transformada em espanhola, o que transforma suas situações no filme em totalmente bizarras e surreais, já que os problemas de comunicação jamais ocorreriam daquela maneira entre línguas mais semelhantes (português e espanhol).

O Senhor dos Aneis: A trilogia “O Senhor dos Anéis” perde muito quando dublada: o sotaque britânico que dá um charme ao tema medieval, a sonoridade da língua portuguesa totalmente incompatível com o ambiente europeu traçado na saga, são apenas alguns exemplos. Mas o grande problema da saga “O Senhor dos Anéis” fica para o personagem Gollum. Por maior que tenha sido o esforço do dublador Carlos Silveira, a voz ficou totalmente desconexa com o trabalho incrível e inovador de Andy Serkis, que demorou muito mais tempo para desenvolver o personagem.

Julie & Julia: Por falar em voz essencial para um personagem, eis que temos Julie & Julia. O filme não é nenhum clássico, mas tem Meryl Streep, o que por si só já é uma qualidade. E a atriz faz um trabalho excepcional (como é de se esperar) com a voz e o sotaque de Julia. A personagem não apenas tem um modo peculiar de falar, mas é na sua maneira de pronunciar as palavras que reside o grande mérito de Streep neste trabalho.

Batman – Cavaleiro da Trevas: O segundo filme da nova franquia do Batman perde 80% de sua força devido a um único nome: Heath Ledger. O Coringa que Ledger fez tem na voz a principal força da atuação para seu personagem sádico. Sem desmerecer o trabalho do dublador Március Simões, que usou o mesmo talento de quando dublou Jack Nicholson em “O Iluminado”, o filme precisa realmente ser visto em língua original. Depois você até pode mudar a linguagem do DVD para checar a dublagem.

O Poderoso Chefão: Se Heath Ledger baseia-se na voz para criar uma atuação impecável, o mesmo podemos de dizer de Marlon Brando em “O Poderoso Chefão”. Não há nenhum dublador brasileiro com a capacidade de fazer a voz rouca e calma que Brando fez, ou pelo menos não com o tempo que Brando dedicou à composição do personagem.

Cinco filmes que vale a pena ver dublado:

Scooby Doo: Os filmes do Scooby Doo são como uma homenagem à série de desenho que encantou gerações na TV. Os filmes foram dublados pelos mesmos dubladores do desenho, e isso confere um charme a mais ao filme (o que não ocorre na versão em inglês), além de remeter à infância de muita gente. Vale lembrar que isso ocorre porque os filmes de Scooby Doo não são realistas ou sérios, e por isso a dublagem funciona, ao contrário da primeira trilogia nos cinemas de “X-Men”, na qual a dublagem seguiu o mesmo parâmetro, mas não funcionou.

Curtindo a vida adoidado: Também por motivos de infância e saudosismo, o filme “Curtindo a vida adoidado” pode muito bem ser assistido em versão dublada. Afinal, a grande maioria das pessoas que cresceu assistindo ao filme em suas reprises na TV, lembra-se do filme dublado. Além disso, o filme é uma comédia despretensiosa, o que alivia qualquer dublagem.

Animações da Pixar: São vários filmes, na verdade. As muitas animações criadas pela Pixar, além de muito bem realizadas, são muito bem dubladas. Tudo isso porque, sabendo de seu público alvo, a Pixar faz questão de acompanhar de perto a dublagem de seus filmes. E como animação não tem os mesmos problemas de um filme em live-action (como sincronia labial e expressão facial), o resultado de todas as dublagens é muito bom. O destaque fica para a voz do personagem principal de “Up – Altas Aventuras”, feita por Chico Anysio.

De Volta Para o Futuro: Embora a trilogia dos filmes de Robert Zemeckis tenha tido diversas dublagens em estúdios e épocas diferentes, o primeiro filme da série foi dublado nos estúdios da BKS e entrou para a história como uma das melhores dublagens do Brasil. Além do ponto saudosista aos que viveram a época (existente em diversos filmes que invadiram as TVs nas décadas de 1980 e 1990 – auge da televisão do Brasil), o filme conta com o excelente trabalho de Eleu Salvador, que deu voz ao Doutor Brown (Christopher Lloyd).

O Rei Leão: Música. É a qualidade musical que conta nesta animação da Disney. É claro que a versão original é perfeita com as vozes de Matthew Broderick, James Earl Jones e Jeremy Irons, além das canções de Elton John. Mas a adaptação brasileira foi tão bem feita que quase alcança o mesmo patamar do original: as canções “Ciclo sem Fim” e “Hoje à noite o amor chegou” são muito bem executadas.

Deixe seu comentário